"un pedacito del planeta que no pudieron no!"

Um cantinho do Brasil, orgulhosamente no Pampa Gaúcho, que quer fazer a diferença,
enxergando e discutindo problemas globais e discutindo e realizando soluções locais .

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Código Florestal, o cenário

Foi publicado no Diário Oficial da União, de sexta-feira (10/6), o decreto 7497 que prorroga para 11 de dezembro de 2011, o prazo para averbação da reserva legal. A moratória é resultado do trabalho de um grupo de parlamentares, coordenado pelo deputado federal Luis Carlos Heinze (PP/RS), que negocia as mudanças na atual legislação ambiental brasileira.
Heinze considera que a dilatação ameniza a apreensão dos agricultores quanto ao não cumprimento das exigências impostas pelo governo, até a aprovação do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB), que tramita no Senado. “Os produtores não poderiam ficar na ilegalidade e impedidos de continuarem na atividade. Já ratificamos a matéria na Câmara e agora estamos trabalhando em conjunto com os senadores para agilizar a análise do texto naquela Casa e, desta forma, trazer tranquilidade não só a quem produz alimentos, mas a população em geral que consume o que vem do campo”, resume.
O substitutivo apreciado na Câmara retira a exigência de averbar a reserva legal na matrícula do registro de imóveis. Estabelece apenas, que a área deve ser inscrita no Cadastro Ambiental Rural – CAR – programa que será criado pelo governo federal.
 fonte: http://www.deputadoheinze.com.br/index.php/noticias/1226-decreto
No Senado, o Presidente da Casa  José Sarney afirma ”vamos utilizar o tempo que for necessário para que a questão seja totalmente debatida. Quantos meses nós vamos levar nisto eu não sei, mas uma coisa é verdade: não podemos levar nem muito tempo nem pouco tempo também.
fonte: http://www.senado.gov.br/noticias/codigo-florestal-levara-tempo-necessario-no-senado-afirma-sarney.aspx

Enquanto o homem pensa que pensa a natureza age!! Amaranto X Monsanto

A notícia não é nova, mas vale à pena...
Planta diabólica ou Sagrada?O amaranto, essa planta “diabólica” para a agricultura genética, é sagrada para os Incas. Pertence aos alimentos mais antigos do mundo. Cada planta produz uma média de 12 mil sementes por ano e as folhas, mais ricas em proteínas que as da soja, contém sais minerais e vitaminas A e C.


A natureza contra-ataca: Amaranto Inca devora transgênicos da Monsanto

O Amaranto Inca Kiwicha invade plantações de soja transgênica da Monsanto nos Estados Unidos como se estivesse numa cruzada para acabar com esta nefasta empresa agrícola e de passo dar uma mensagem ao mundo.


Agricultores dos EUA tiveram que abandonar cinco mil hectares de soja GM e cinquenta mil estão seriamente ameaçados.
No que parece ser mais uma demonstração da sabedoria da natureza abrindo caminho, a espécie de amaranto inca conhecida como kiwicha se converteu em um pesadelo para a Monsanto. Curiosamente esta companhia conhecida por suas práticas diabólicas se refere a esta erva sagrada para os incas e os aztecas como uma erva maldita.
O fenômeno da expansão do amaranto em cultivos de mais de vinte estados ao largo dos Estados Unidos não é novo, mas merece ser resgatado, acaso celebrando a pericia e talvez até a inteligência desta planta guerreira que se opôs à gigante das sementes transgênicas. Desde 2004 um agricultor em Atlanta percebeu que brotes de amaranto resistiam ao poderoso herbicida Roundup baseado no glifosato e devorando campos de soja transgênica. O site da Monsanto recomenda aos agricultores misturar o glifosato com herbicidas como o 2,4-D que foi proibido na Escandinávia por estar correlacionado com o câncer.
É curioso que o New York Times que há mais de 20 anos escrevia que o amaranto podia ser o futuro do alimento no mundo, agora chama a esta planta uma “superweed” ou “pigweed” uma terminogia que faz uma concepção do amaranto como uma praga.
Segundo um grupo de cientistas britânicos do Centro para a Ecologia e a Hidrologia, foi produzida uma transferência de genes entre a planta modificada geneticamente e algumas ervas “indesejáveis” como o amaranto.
Este fato contradiz as afirmações dos defensores dos organismos modificados geneticamente (OMG): que assinalam que uma hibridação entre uma planta modificada geneticamente e uma planta não modificada é simplesmente “impossível”.
O amaranto aliás, possui mais proteínas que a soja e além disto contém vitaminas A e C. Enquanto nos Estados Unidos se preocupam em como eliminar esta resistente planta que supera a tecnologia da Monsanto: se reproduz em quase qualquer clima, não lhe afetando doenças nem insetos, pelo qual não precisa de produtos químicos. Acaso não seria melhor que escutassem esta mensagem da natureza e tentassem processar alimentos de amaranto?
Então esse boomerang, devolvido pela natureza da transnacional Monsanto, não só neutraliza esse predador, mas estabeleceu-se em seus domínios uma planta que poderia alimentar o mundo em caso de fome.Suporta a maioria de climas, regiões secas como as áreas de monção e as terras altas tropicais, e não tem problemas com insetos ou doenças, assim você nunca vai precisar de produtos químicos
Casos como a satanização do amaranto nos faz pensar que a industria dos alimentos busca simplesmente manter a população no pior estado físico possível para que possa ser devorada por obscuras corporações e interesses políticos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

CLOC- VC se Solidariza con el Pueblo Hondureño frente al Aniversario del Golpe de Estado


resistenciaLa Coordinadora Latinoamericana de Organizaciones del Campo CLOC-Vía Campesina y sus organizaciones a lo largo del Continente expresan su solidaridad con el hermano país Honduras, que hace dos años enfrentó un infortunado golpe de Estado, el cual ha traído consigo muerte, repercusión, crisis, violación de los derechos humanos y ha atentado, principalmente, el principio de democracia.
Desde la CLOC- Vía Campesina consideramos que la crisis que vive Honduras y el atentado a la democracia representa un golpe para todos los países en nuestro Continente que hemos ofrendado vidas a favor de la democracia. En ese sentido, condenamos los actos cobardes que la madrugada del día 28 de junio de 2009 llevaron a cabo las fuerzas armadas al mando del teniente coronel René Antonio Herpburn Bueso, quienes allanaron la residencia presidencial, para posteriormente detener al presidente Manuel Zelaya. Quien luego, fue trasladado a la base de la Fuerza Aérea al sur de Tegucigalpa para ser llevado a Republica Dominicana donde estuvo exiliado durante 16 meses.
Por otro lado, aplaudimos la resistencia hondureña se ha vuelto un ejemplo del coraje de nuestros pueblos. Asimismo, elogiamos que la crisis que vive el pueblo hondureño haya generado condiciones favorables para el levantamiento del pueblo oprimido, que ha resultado en el reascenso de masas representado en el Frente de Resistencia Hondureño, donde hombres, mujeres, jóvenes y niños de distintos sectores se han convocado para alzar su voz de lucha y resistencia.
En este contexto, siendo coherentes con los compromisos adquiridos en nuestro V Congreso desde las Organizaciones de la CLOC- Vía Campesina exigimos:
1. Que se tome en cuenta la participación de las organizaciones campesinas, sociales y populares de Honduras representado en Frente de Resistencia en el diseño de un nuevo marco constitucional que garantice los derechos de todas y todos.
2. Que se ponga fin a la violación de los Derechos Humanos que hasta hoy amenaza al pueblo organizado
3. Que se consolide un espíritu real de solidaridad de los países llamados amigos de Honduras para ayudar a la reconstrucción profunda de la democracia.
4. Que los medios de comunicación consecuentes en todo el mundo visibilicen esta crisis haciendo un llamado solidario para acompañar la lucha del pueblo hondureño y para impedir que este tipo de acciones golpistas se repitan en otros países del continente y del mundo.
Finalmente, hacemos un llamado solidario todas nuestras organizaciones, amigos y aliados para que se sumen a este Día de Solidaridad con Honduras, para que resistamos la militarización y aportemos a la construcción de una cultura de paz, basada en la integración de los pueblos por la búsqueda de la justicia, la libertad y una política popular que acabe con el colonialismo, el imperio, la dictadura y patriarcado.
Por la soberanía de nuestros pueblos
¡América Lucha!

El Instituto Agroecológico Latinoamericano propone un paradigma de producción diferente


POR E’A  JUNIO 27, 2011

Lidia Ruiz de la OLT acusa a medios comerciales de responder a intereses del agronegocio

La dirigente explicó que el objetivo del IALA consiste en la formación académica y científica de los campesinos e indígenas relacionado al manejo responsable de la producción de la tierra.
El IALA Guaraní es un emprendimiento de la CLOC/Vía Campesina Sudamérica y constituye un desafío asumido por seis organizaciones locales que forman parte de este espacio internacional: la Coordinadora Nacional de Organizaciones de Mujeres Trabajadoras Rurales e Indígenas (Conamuri), el Movimiento Agrario y Popular (MAP), la Mesa Coordinadora Nacional de Organizaciones Campesinas (MCNOC), el Movimiento Campesino Paraguayo, la Organización de Lucha por la Tierra (OLT) y la Organización Nacional de Aborígenes Independientes (ONAI).

Lidia Vera sostuvo que mediante la agricultura ecológica es posible combatir el calentamiento global. Fuente: apcs.rio20.net
El mencionado instituto nace de la necesidad de que ambos sectores postergados por el sistema accedan a una educación terciaria de calidad, a criterio de Lidia Ruiz las universidades tanto públicas como privadas son practicamente inalcanzables para jóvenes campesinos, por ello el Instituto Agroecológico Latino Americano pretende llenar el vacío existente en materia de educación terciaria para campesinos e indígenas.
Lidia Ruiz ratificó que la agricultura ecológica es una importante vía de desarrollo de las comunidades campesinas, el tiempo que sirve para combatir los rigores del calentamiento global y el modelo agropecuario que actualmente se practica en el país, ocasionando severos daños al ecosistema.
Ruiz también criticó a los medios comerciales que afirman que dicho instituto es para adoctrinamiento político, para la dirigente campesina es normal que los medios empresariales defiendan sus propios intereses, “que en su mayoría están relacionados con los grandes terratenientes que impiden que nuestro país alcance una soberanía alimentaria real, por medio de la agricultura ecológica” Concluyó Lidia Ruíz.

Estados Unidos: Um império de bases militares


Por Hugh Gusterson, no sítio da Adital:

Antes de ler este artigo, responda a esta pergunta:

Quantas bases militares os Estados Unidos têm em outros países:

a) 100
b) 300
c) 700
d) 1000.


De acordo com a lista do próprio Pentágono, a resposta é ao redor de 865; porém, se forem incluídas as novas bases no Iraque e no Afeganistão, a cifra ascende a mais de 1.000. Essas mil bases constituem 95% de todas as bases militares que os demais países mantêm em território alheio. Em outras palavras, os Estados Unidos são para as bases militares o que Heinz é para o ketchup.

A velha maneira de fazer colonialismo, praticada pelos europeus consistia em encarregar-se de todo um país e administrá-lo. Porém, o procedimento era meticuloso. Os Estados Unidos foram pioneiros de um enfoque mais ágil de império mundial. O historiador Chalmers Johnson afirma: "A versão norte-americana da colônia é a base militar”; os Estados Unidos, agrega, têm um "império de bases militares”.

Essas bases não são baratas. Excluindo suas bases no Afeganistão e no Iraque, os Estados Unidos gastam ao redor de 102 bilhões de dólares ao ano na gestão de suas bases no exterior, segundo Miriam Pemberton, do Institute for Policy Studies. E em muitos casos, temos que perguntar-nos para que servem. Por exemplo, os Estados Unidos têm 227 bases na Alemanha. Talvez tiveram sentido durante a Guerra Fria, quando a Alemanha estava dividida em duas pelo Muro de Berlim e os responsáveis pela política estadunidense tentavam convencer aos soviéticos de que o povo estadunidense consideraria um ataque a Europa como um ataque aos Estados Unidos. No entanto, em uma nova era em que a Alemanha está reunificada e os Estados Unidos estão preocupados com outros focos de conflito na Ásia, na África e no Oriente Próximo, tem tanto sentido para o Pentágono manter suas 227 bases militares na Alemanha quanto teria para o serviço de correios manter uma frota de cavalos e carruagens.

Afogada na burocracia, a Casa Branca está desesperada por recortar gastos desnecessários do orçamento federal. O congressista por Massachusetts Barney Frank, democrata, sugeriu que o orçamento do Pentágono poderia reduzir-se em 25%. Se consideramos ou não politicamente realista o cálculo de Frank, as bases no exterior são, sem dúvida, um objetivo apetitoso para as tesouras do ‘recortador' de orçamentos. Em 2004, Donald Rumsfeld estimou que os Estados Unidos poderiam economizar 12 bilhões de dólares com o fechamento de umas 200 bases no exterior. O custo político seria quase nulo dado que as pessoas economicamente dependentes das bases são cidadãos estrangeiros e não podem votar nas eleições estadunidenses.

No entanto, as bases estrangeiras parecem invisíveis aos que pretendem recortar o orçamento do Pentágono, que alcança os 664 bilhões de dólares anuais. Tomemos o artigo do New York Times, The Pentagon Meets the real World. O editorialista do Times pedia à Casa Branca que tivesse a "coragem política” de recortar o orçamento de defesa. Sugestões? Suprimir os programas de aquisição do caça F-22 e do destrutor DDG-1000; e reduzir o Sistema de combate Futuro, do exército de terra, a fim de economizar 10 bilhões a cada ano. Todas são sugestões aceitáveis; porém, o que acontece com as bases no exterior?

Apesar de que os políticos e os especialistas midiáticos parecem ignorar essas bases e entendem o estacionamento de tropas dos Estados Unidos em todo o mundo como um fato natural, o império de bases militares estadunidenses atrai a atenção de acadêmicos e ativistas, como o demonstra uma conferência sobre as bases estrangeiras realizada na American University, no final de fevereiro. NYU Press acaba de publicar o livro de Catherine Lutz ‘Bases of empire', que reúne a acadêmicos que estudam as bases militares dos Estados Unidos e ativistas opostos a essas bases; Rutgers University Press publicou o livro de Kate MacCaffrey, ‘Military Power and Popular Protest', um estudo da base militar de Vieques (Porto Rico), que teve que fechar suas portas ante os protestos massivos da população local. E Princeton University Press está a ponto de publicar ‘Island of Shame', de David Vine, que conta a história de como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha acordaram em segredo deportar aos habitantes de Diego García para a Ilha Mauricio e Seychelles, para que sua ilha pudesse converter-se em uma base militar. Os estadunidenses fizeram um trabalho tão refinado que, inclusive, pulverizaram com gás os cachorros. Esses habitantes indígenas, Chagos, não puderam ter acesso aos tribunais dos Estados Unidos; porém, ganharam sua causa contra o governo critânico em três julgamentos, apesar de que no final a sentença foi anulada pelo mais alto tribunal do país, a Câmara de Lores. Agora estão interpondo recursos ante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

Os líderes americanos falam de suas bases estrangeiras como um elemento que permite consolidar as alianças com outros países, principalmente através dos acordos comerciais e com a ajuda que costumam acompanhar os arrendamentos das bases. No entanto, os soldados dos Estados Unidos vivem em uma espécie de ‘cocoon', simulacro dos Estados Unidos nas bases, vendo canais de TV estadunidenses; escutando rap e heavy metal estadunidense e comendo fast food de seu país, para que os jovens da comunidade local e as crianças de rua tenham pouco contato com outra forma de vida. Enquanto isso, do outro lado da cerca de arame farpado, os residentes e as empresas locais costumam ser economicamente dependentes dos soldados e ter interesse em sua permanência.

Essas bases podem converter-se em focos de conflito. As bases descarregam incessantemente lixo tóxico nos ecossistemas locais, como em Guam, onde as bases militares têm levado à criação de pelo menos 19 vertedouros tóxicos. Essa contaminação gera ressentimento e, às vezes, como em Vieques na década de 90, mobilizações sociais contra as bases. Os Estados Unidos utilizavam Vieques para suas práticas de bombardeio durante 180 dis ao ano, e quando os Estados Unidos se retiraram, em 2003, a paisagem estava coberta de munições, das quais algumas haviam detonado e outras, não; cartuchos de urânio empobrecido; metais pesados; petróleo; lubrificantes; solventes e ácidos. Segundo os ativistas locais, o índice de câncer em Vieques era 30% superior ao do restante do país, Porto Rico.

Também é inevitável que, de vez em quando, os soldados dos Estados Unidos –em geral, bêbados- cometam delitos. O ressentimento que esses crimes causam se exacerba pela frequente insistência do governo dos Estados Unidos de impedir que esses crimes sejam julgados por tribunais locais. Na Coreia, em 2002, dois soldados estadunidenses mataram a duas jovens adolescentes quando se dirigiam a uma festa de aniversário. Os ativistas coreanos asseguram que este foi um dos 52.000 delitos cometidos por soldados estadunidenses na Coreia entre 1967 e 2002. Os dois soldados foram repatriados imediatamente para os Estados Unidos para que pudessem escapar do tribunal coreano. Em 1998, um aviador dos Marines seccionou o cabo de uma telecabine de esqui na Itália, matando a 20 pessoas. Funcionários dos Estados Unidos deram ao piloto um ‘puxão de orelhas' enquanto se negavam a permitir que as autoridades italianas o julgassem. Esses e outros incidentes similares têm prejudicado as relações dos Estados Unidos com alguns aliados importantes.

Os ataques de 11 de setembro foram, sem dúvida, o exemplo mais espetacular do tipo de retrocesso que pode gerar o ressentimento local contra as bases dos Estados Unidos. Na década de 1990, a presença de bases militares estadunidenses nas proximidades dos lugares mais sagrados do Islã sunita, na Arábia Saudita, enfureceu a Osama Bin Laden e proporcionou a Al Qaeda uma potente ferramenta de recrutamento. Os Estados Unidos fecharam prudentemente suas principais bases na Arábia Saudita; porém, abriram novas bases no Iraque e no Afeganistão, que se estão convertendo em novas fontes de fricção nas relações entre os Estados Unidos e os povos do Oriente Próximo.

Esse império proporciona aos Estados Unidos uma capacidade de intervenção global; porém, a forma do mesmo, na medida em que seu peso principal está na Europa, é um vestígio inflado e anacrônico da Guerra Fria.

Muitas dessas bases são um luxo que os Estados Unidos já não podem ter, nessa época de déficit orçamentário recorde. Por outro lado, as bases estadunidenses em países estrangeiros têm dois gumes: projetam o poder estadunidense em todo o mundo; porém, também inflamam as relações exteriores dos Estados Unidos e geram ressentimento devido aos fenômenos de prostituição, dano ambiental, pequena delinquência e etnocentrismo cotidiano, que são seus corolários inevitáveis. Recentemente, esses ressentimentos obrigaram o fechamento de bases estadunidenses no Equador, em Porto Rico, no Quirquistão e, se o passado é o início do futuro, são de se esperar outros movimentos contra as bases estadunidenses no futuro.

Durante os próximos 50 anos, estou convencido de que seremos testemunhas do aparecimento de uma nova norma internacional segundo a qual a instalação de bases militares no estrangeiro será tão indefensável quanto tem sido a ocupação colonial durante os últimos 50 anos.

Nossa Declaração de Independência critica aos britânicos pelo aquartelamento de grandes tropas armadas entre nós e por suas tropas estarem protegidas, mediante julgamentos simbólicos, do castigo aos crimes que pudessem cometer contra habitantes desses Estados Unidos. Belas palavras! Os Estados Unidos deveriam começar a levá-las a sério.

A rebeldia dos jovens que nos faz tanta falta



Entre tantas frases estimulantes e provocadoras que as rebeliões populares no mundo árabe e agora na Europa, essencialmente protagonizada por jovens, fizeram ecoar pelo mundo afora, a que mais nos incomoda – com toda razão – é aquela que diz: “E quando os jovens saíram às ruas, todos os partidos pareceram velhos.”

Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado.

Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?

A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.

Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda - incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.

Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – falam de “politicas para a juventude”, mencionam escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.

O governo brasileiro não aquilata os danos que causam a sua imagem diante dos jovens, episódios como a tolerância com a promiscuidade entre interesses privados e públicos de Palocci, ou ter e manter uma ministra da Cultura que, literalmente, odeia a internet, e corta assim qualquer possibilidade de diálogo com a juventude – além de todos os retrocessos nas políticas culturais, que tinham aberto canais concretos de trabalho com a juventude. Não aquilata como a falta de discurso e de diálogo com os jovens distancia o governo das novas gerações. (Com quantos grupos de pessoas da sociedade a Dilma já se reuniu e não se conhece grandes encontros com jovens, por exemplo?)

Perdendo conexão com os jovens, os partidos envelhecem, perdem importância, se burocratizam, buscam a população apenas nos processos eleitorais, perdem dinamismo, criatividade e capacidade de mobilização. E o governo se limita a medidas de caráter econômico e social – que beneficiam também aos jovens, mas nãos os tocam na sua especificidade de jovens. Até pouco tempo, as rádios comunitárias – uma das formas locais de expressão dos jovens das comunidades – não somente não eram incentivadas e apoiadas, como eram – e em parte ainda são – reprimidas.

A presença dos jovens na vida publica está em outro lugar, a que nem os partidos nem o governo chegam: as redes alternativas da internet, que convocaram as marchas da liberdade, da luta pelo direito das “pessoas diferenciadas” em Higienópolis, em São Paulo, nas mobilizações contra as distintas expressões da homofobia, e em tantas outras manifestações, que passam longe dos canais tradicionais dos partidos e do governo.

Mesmo um governo popular como o do Lula não conseguiu convocar idealmente a juventude para a construção do “outro mundo possível”. Um dos seus méritos foi o realismo, o pragmatismo com que conseguiu partir da herança recebida e avançar na construção de alternativas de politica social, de politica externa, de politicas sociais e outras. Os jovens, consultados, provavelmente estarão a favor dessas politicas.

Mas as mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas (em que, mais além de ter razão ou não, o governo tem sistematicamente perdido o debate de idéias na opinião pública), nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade, na liberdade de expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias.

Este governo e os partidos populares ainda tem uma oportunidade de retomar diálogos com os jovens, mas para isso tem assumir como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos – sexuais, de drogas, entre outros. Tem que se livrar dos estilos não transparentes de comportamento, não podem conciliar nem um minuto com atitudes que violam a ética publica, tem que falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, deixá-los falar. Com a consciência de que eles são o futuro do Brasil. Construiremos esse futuro com eles ou será um futuro triste, cinzento, sem a alegria e os sonhos da juventude brasileira.

domingo, 26 de junho de 2011

Antiiluministas y halcones del déficit. Economía creacionista

Sin permiso
Dean Baker · · · · ·
 
26/06/11
 

A veces puede ser divertido adentrarse en otra perspectiva para responderse cómo logran lidiar  con información contradictoria. Por ejemplo, ¿cómo hacen los creacionistas para reconciliar su postura de que todas las plantas y animales fueron creados en su forma actual hace alrededor de 10.000 años, con la información proveniente de restos fósiles, que denotan que la existencia de seres vivos se remonta a cientos de millones de años atrás?
En la misma línea, es válido preguntar cómo los que proponen reducir el déficit piensan que mientras menor sea el déficit será mayor el crecimiento y la creación de empleo en una economía hundida en la depresión. La respuesta no es sencilla.
Hay una historia de manual introductorio sobre cómo la reducción del déficit puede estimular la economía. La teoría establece que si el gobierno reduce su déficit, y luego pide menos préstamos, se reducirán las tasas de interés. Un interés más bajo incentivará a las empresas a invertir más.
Asimismo, una reducción en las tasas de interés causaría un declive del dólar, dado que los bonos del gobierno y otros activos en dólares resultarían menos atractivos para los inversores extranjeros. Si el dólar pierde valor, entonces nuestros bienes serán más competitivos en el mercado mundial. Ello nos llevaría a importar menos y a exportar más, con la consecuente creación de puestos de trabajo.
De todos modos, ¿creen los halcones del déficit que es esto lo que va a ocurrir ahora? La tasa de interés de los bonos del Tesoro a 10 años ya ha caído al 3%. Suponiendo una tasa de inflación del 2%, esto se traduce en una tasa real cercana al 1%.
¿Cuánto más bajo creen que podrían caer las tasas de interés si recortamos repentinamente el déficit? Además, ¿cuánta más inversión suponen que podría inducirse si experimentáramos una gran reducción (por ejemplo, de medio punto porcentual) en la tasa de interés real?
¿Realmente piensan que este tipo de caída en las tasas de interés devaluará el dólar y mejorará entonces nuestra balanza comercial? ¿Con relación a qué divisas podría caer el dólar gracias a una menor tasa de interés?
Ninguna de estas historias realmente supera el test de la risa. En el mejor de los casos podríamos esperar tasas de interés modestamente menores si el recorte del déficit presupuestario ralentiza aún más el crecimiento. Pero no existe ninguna razón para esperar que cualquier descenso futuro  tenga más efecto que el de la reciente disminución de la tasa del tesoro desde 3,6% en el invierno (NdelaT: septentrional) a cerca del 3% en este mes.
Hay otra historia que en ocasiones fogonean los halcones del déficit. Ésta dice que si reducimos los empleos en el sector público se incrementará el empleo en el sector privado.
Presumiblemente, esta historia parte de que los despidos masivos en el sector público depreciarán aun más los salarios de los trabajadores, haciendo más atractiva su contratación para los empleadores. Pero hay un elemental problema en este esquema. Si los salarios realmente caen, el empleo que se genere en el sector privado no será tan grande como la pérdida de empleos en el sector público.
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En otras palabras, si despedimos a 500.000 trabajadores en el sector público, el sector privado creará menos de 500.000 puestos de trabajo ya que, de lo contrario, los salarios tenderían a crecer, no a disminuir, y los empresarios no tendrían incentivo alguno para emplear más trabajadores. Esto significa que esta ruta del estímulo económico mediante recortes gubernamentales puede, como mucho, conducirnos a una situación similar a la que estábamos antes de los despidos. Esta no es una manera adecuada para agregar empleos a la economía. Y aun en el mejor de los escenarios tomaría un tiempo considerable, ya que los salarios no caen rápidamente.
Ninguno de estos argumentos parece ser muy prometedor, como casi cualquier persona seria lo reconocería. Nos resta todavía el argumento de las malas sensaciones. Este cuenta que los empresarios se sienten mal por el déficit. Están preocupados porque podrían tener que pagar impuestos más altos en el futuro, porque podría haber inflación, o porque el gobierno podría colapsar. De no ser por estas razones, los empresarios estarían invirtiendo sus considerables beneficios en lugar de estar apoltronados sobre ellos.
Hay dos problemas con el argumento de las malas sensaciones. El primero es que los empresarios, en realidad, están invirtiendo a tasas bastante prósperas. Hubo una enorme sobre-construcción durante la expansión inmobiliaria, pero la inversión en equipos y programación informática medida por su participación en el PIB está casi al nivel previo a la recesión. Dado el exceso de capacidad en este sector, en realidad deberíamos estar preguntándonos por qué la inversión es tan elevada, no por qué es baja.
El segundo problema que presenta esta historia es que el miedo a los altos impuestos en el futuro es una buena razón para que los empresarios intenten invertir y ganar beneficios ahora. Cuando la Oficina de Presupuestos del Congreso utilizó varios modelos para estudiar el impacto de los recortes impositivos de Bush, aquellos que mostraron los efectos más positivos fueron los que asumieron que los recortes serían temporarios. Esto, efectivamente, estimularía la inversión y el trabajo durante el periodo de impuestos bajos. El punto es que si la gente realmente creyera que pagará tasas mucho más elevadas en el futuro, deberían estar trabajando duro e invirtiendo hoy, lo opuesto a lo que señala la historia del déficit que cuentan los halcones.
Por lo tanto, al final del día, no tenemos una historia coherente sobre cómo podríamos generar crecimiento reduciendo el déficit presupuestario, así como los creacionistas no tienen una explicación coherente para lo que conocemos sobre los reinos animal y vegetal. La gran diferencia es que los halcones del déficit determinan la política económica.
Dean Baker es el codirector del Center for Economic and Policy Research (CEPR). Es autor de  Plunder and Blunder: The Rise and Fall of the Bubble Economy, y de False Profits: Recoverying From the Bubble Economy.

Traducción para www.sinpermiso.info: Camila Vollenweider

Brasil: “crescimento” econômico para quem? Em que condições?

Produto da mente
Em seu discurso durante recente visita à China, em evento que reuniu os principais expoentes das empresas chinesas, a presidente brasileira fez questão de ressaltar qualidades ímpares do Brasil que vão ao encontro da avidez capitalista por lucros: a estabilidade econômica e a estabilidade política.
Nos discursos lá e cá, realmente, parece que o país experimenta um período de crescimento e otimismo, e ainda “um profundo sentimento de autoestima de nosso povo”, completaria a presidente. É este o Brasil em que vivemos? Este é o Brasil dos trabalhadores brasileiros? Há motivos para esse tipo de otimismo? Para quem o Brasil cresce? Em que direção se dá esse processo? Em que contexto, sob que condições?
Iniciaremos a análise tratando do contexto internacional. 

1. Conjuntura internacional
1.1 Crise do imperialismo
Em 2009, na avaliação dos desdobramentos da chamada “crise do subprime”, e com a queda do quarto maior banco de investimentos dos EUA (Lehman Brother), em agosto de 2008, caracterizamos o atual estágio da crise do capitalismo, do imperialismo como:
“Uma conjuntura em que a crise latente e prolongada (desde o início da década de 1970) do imperialismo encontra-se em uma fase aberta, mais aguda, (...) com tendência a se aprofundar e se arrastar por longo período. Não é uma crise localizada, do subprime, da esfera financeira, como inicialmente trataram de alardear os arautos das classes dominantes. É uma crise do processo de acumulação capitalista, de sobreacumulação de capital e superprodução de mercadorias.
Do ponto de vista do marxismo, as crises econômicas do capitalismo são inevitáveis, são resultado das contradições inerentes deste modo de produção, como a tendência à queda da taxa média de lucro, o permanente processo de concentração e centralização do capital, a contradição entre a produção social e apropriação privada, a concentração de riqueza em um polo e miséria no outro." [1]
Podemos afirmar hoje que a crise do capitalismo, do sistema imperialista, continua se aprofundando, com “idas e vindas”, com ”altos e baixos”, arrastando-se, com repercussões diferenciadas em cada país, em cada formação econômico-social.
Na lógica do capitalismo, dos grandes monopólios, a “saída da crise” é aprofundar a intensificação da exploração do proletariado, em especial a opressão e exploração dos povos (e riquezas naturais) dos países dominados [2]. O ritmo, o grau desse processo e seu êxito ou fracasso são determinados em última instância pela conjuntura da luta de classes, pelo nível de resistência dos explorados e oprimidos em nível internacional e nacional, de acordo com a inserção de cada país no sistema imperialista.

1.2 Estágio da luta de classes
A conjuntura atual é marcada, por um lado, pela ofensiva do imperialismo, comandado pelos EUA e, por outro lado, pelo recuo do proletariado e do movimento revolucionário na luta de classes. O imperialismo e os grandes monopólios respondem à crise em uma conjuntura caracterizada por uma correlação de forças que lhe é favorável na contradição fundamental mundial entre burguesia e proletariado e na contradição entre países imperialistas/dominantes e povos dos países dominados, aprofundando todas as contradições do sistema e a barbárie.
A ofensiva do imperialismo se desdobra nos planos militar, econômico e político-ideológico. No plano militar, destacamos a ampliação de bases militares, como na Colômbia, a intimidação a povos em luta e a governos não-alinhados, as intervenções militares, como a da Líbia, a manutenção das guerras no Iraque e no Afeganistão; no plano econômico, o rebaixamento dos salários e precarização do trabalho, os cortes de direitos trabalhistas e sociais, de gastos públicos; no plano político-ideológico, as campanhas de criminalização das lutas populares e do comunismo, campanhas contra o “terrorismo” para tentar legitimar guerras imperialistas, campanhas contra supostas violações de direitos humanos em outros países, quando os EUA utilizam tortura, detenções ilegais e violação de soberania como políticas oficiais de Estado.
No processo geral de recuo do proletariado queremos ressaltar um fator que consideramos decisivo: nas últimas décadas, a maioria dos partidos comunistas abriu mão das posições revolucionárias e renegou na prática os princípios do marxismo-leninismo – a questão do Estado, da tomada do poder e da revolução, o caráter de classe da democracia, a violência revolucionária das massas [3], a luta ideológica e mesmo a luta de classes. Nesse processo, perderam a ligação cotidiana e revolucionária com as massas operárias e os trabalhadores de um modo geral [4]. E, como decorrência e parte do mesmo fenômeno, constatamos um baixo nível de consciência e organização de classe do proletariado e demais setores oprimidos. Sem deixar de ressaltar e saudar todo heroísmo e combatividade do proletariado e povos em vários países que resistem e lutam [5], avaliamos a ausência de partidos revolucionários na maioria dos países como o aspecto principal do processo de recuo da resistência de classe.
Nesse sentido, a ausência na maioria dos países de partidos revolucionários do proletariado, autênticos partidos comunistas – que tenham construído na luta uma linha político-ideológica justa, que estejam enraizados e com capacidade de dirigir a luta de classe do proletariado e das massas oprimidas em uma perspectiva revolucionária – deixa ao capitalismo o “campo livre” (ou seja, frente a uma baixa resistência de classe) para o seu processo inerente, histórico, de “sair da crise” e se desenvolver, intensificando ao máximo a exploração [6], ampliando a taxa de mais-valia relativa e absoluta, a fim de retomar a taxa de lucro na busca do lucro máximo.
A intensificação da exploração tende a agravar as condições de vida e trabalho para as massas populares, com aumento do desemprego, arrocho salarial, precarização do trabalho, ataque aos direitos trabalhistas e sociais – saúde, educação, seguridade etc. conquistados pelo proletariado, exacerbando a luta de classes.
1.3 Nova divisão internacional capitalista do trabalho
O agravamento da crise do capitalismo aprofunda o processo de reconfiguração da economia mundial, do sistema imperialista. E, entre uma série de características desse processo [7], destacamos o avanço da nova divisão internacional capitalista do trabalho e nele a transferência de indústrias dos países imperialistas para regiões com baixíssimo preço da força de trabalho, em particular, para a China (fenômeno que é expressão da intensificação da exploração da força de trabalho em nível mundial).
Esse agravamento (a chamada “crise do subprime” de 2007/2008) resultou em todo mundo, de maneira generalizada, em enorme queima de capitais, principalmente entre aqueles que se valorizavam na esfera financeira, implicando em recessão econômica, queda no comércio mundial, falta de crédito, desemprego de dezenas de milhões de trabalhadores. Porém, assumiu uma forma diferenciada e específica em cada país.
No caso da China, o PIB cresceu 9,2% em 2009 e atingiu 10,3% em 2010, puxado pelo crescimento industrial. A China tornou-se o maior exportador e produtor industrial-manufatureiro do mundo, (superando os EUA), e a segunda maior economia mundial.
A China acelera a produção e a exportação de produtos industrializados (intensivos em trabalho; com média e, principalmente, alta intensidade tecnológica), a importação de produtos primários (petróleo, alimentos e matéria-prima para a produção industrial) e a ampliação do investimento em infraestrutura e na produção para o mercado interno chinês. Além disso, amplia a exportação de capital, especialmente na forma de investimentos que garantam o abastecimento de produtos primários para sua indústria, assegurando a produção intensiva de mais-valia e a acumulação de capital.
O aumento da demanda por produtos primários pela China e a especulação na bolsa de mercadorias tem resultado no aumento dos preços das commodities.
E nesse contexto – no caso do Brasil, na nova divisão internacional do trabalho – a parte que nos coube foi a especialização na produção intensiva e em larga escala dessas commodities.
2. Conjuntura nacional
A reconfiguração da economia mundial condiciona as transformações na formação econômico-social brasileira, na estrutura econômica brasileira, que caracterizamos em 2006 como um "processo de regressão a uma situação colonial de novo tipo" [8] , iniciado em meados da década de 1980.
O deslocamento de parte significativa da produção industrial imperialista para a Ásia/China criou uma forte procura por produtos básicos, principalmente minérios, alimentos e petróleo e norteou aespecialização do Brasil na produção de commodities para exportação. Este tipo de produção vem se transformando no setor dinâmico da economia brasileira, processo que significou aprofundar a condição do Brasil de país dominado no sistema imperialista mundial.
Não podemos esquecer, entretanto, que são as contradições internas que determinam a mudança dos fenômenos. Os fatores externos atuam nos fenômenos nos limites das suas contradições internas. E no desenvolvimento das sociedades esses limites são, no fundamental, a luta de classes, o motor da história.
Assim, buscamos destacar nesta análise que são as contradições internas que determinam, no fundamental, o “processo de regressão” e as manifestações específicas da formação econômico-social brasileira no atual contexto da crise. Essas contradições internas se expressam principalmente pelo estágio da luta de classes – pela correlação de forças na sociedade – que, no Brasil, se apresenta como:
1) recuo e defensiva do proletariado e demais classes dominadas com características análogas àquelas apontadas na conjuntura internacional. Ou seja, ausência do partido revolucionário do proletariado com uma linha política justa, enraizado e com força nas massas para dirigir suas lutas numa perspectiva revolucionária, somado ao atual nível de consciência e organização, de resistência da classe operária e demais classes dominadas brasileiras frente aos ajustes impulsionados pela reconfiguração da economia mundial.
2) ofensiva das classes dominantes brasileiras (em sua maioria esmagadora) e seu profundo nível de integração/subordinação aos ajustes necessários à reconfiguração da economia mundial, de acordo com os interesses das classes dominantes dos países imperialistas e seus próprios interesses de classe, enquanto sócios menores do imperialismo. Quem exerce o poder de Estado no Brasil é o grande capital brasileiro, garantindo o processo de regressão.
Neste primeiro texto, vamos tratar em especial dos aspectos econômicos da atual conjuntura nacional e, posteriormente, enfatizaremos os aspectos políticos. Consideramos, no entanto, a necessidade de entender os dois processos – o econômico e o político – de maneira indissociável, dialética. A separação tem como única finalidade facilitar a exposição.
2.1 O processo de “regressão”
O processo de “regressão a uma situação colonial de novo tipo” e as mudanças na estrutura econômica brasileira se apresentam - como afirmamos em 2006 - em quatro aspectos principais:
1 - na constituição de um setor agroindustrial e mineral voltado à exportação. A especialização na produção e exportação de commodities é a principal característica do processo de regressão e se torna o polo dinâmico da economia brasileira. [Em 2008, com a comprovação da descoberta de petróleo na camada do pré-sal brasileiro, com reservas estimadas em mais de 10 bilhões de barris, esta commodity tende a se transformar num dos principais itens da pauta de exportação brasileira];
2 - na quebra de elos da cadeia produtiva em ramos importantes da atividade industrial e fechamento de setores da produção, cujos produtos, peças e componentes passam a ser importados;
3 - na organização de um novo setor industrial voltado para a constituição de ilhas de produção e montagem de mercadorias em empresas estrangeiras ou associadas, de média tecnologia, para exportação [e, como se verificou posteriormente, também para o mercado interno, artificialmente aquecido pela oferta de crédito fácil, pelo estímulo ao endividamento e por políticas compensatórias];
4 - na montagem de um sistema de valorização fictícia do capital, remunerando com altos juros o capital que circula nas engrenagens da especulação.
Os quatro aspectos acima levantados compõem um todo, e se relacionam, se reforçam entre si. A “crise do subprime” (2007/2008), as “medidas anticrise” de Lula em 2009 e 2010 e as iniciativas do início do governo Dilma (2011) aprofundaram ainda mais esse processo de regressão a uma situação colonial de novo tipo. Essa é a forma como o Brasil se insere na nova divisão internacional do trabalho, tendo em vista, principalmente, o novo lugar que a China ocupa na economia mundial, na reprodução internacional do capital.
Diferentes estudos, artigos e matérias nos meios de comunicação diuturnamente vêm levantando dados que evidenciam a especificidade e a intensidade com que o Brasil tem se ajustado ao atual estágio internacional de valorização e concentração do capital.
Selecionamos uma pequena amostra do que se tem noticiado sobre o tema.