"un pedacito del planeta que no pudieron no!"

Um cantinho do Brasil, orgulhosamente no Pampa Gaúcho, que quer fazer a diferença,
enxergando e discutindo problemas globais e discutindo e realizando soluções locais .

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rio + 20 + mudança social

Pagina 22


Sem objetivos claros na redução da desigualdade, é forte o risco de que a própria legitimidade da economia verde seja colocada em questão
analise_700O desequilíbrio metabólico da atual relação entre a sociedade e os ecossistemas muda radicalmente a natureza, o alcance e o significado da questão da desigualdade no mundo contemporâneo.  O principal desafio da Rio+20 não consiste em juntar economia verde e luta contra a pobreza.  Essa junção já está em curso e faz parte do business as usual, da forma corriqueira de se levar adiante os negócios públicos e privados.  O desafio fundamental é associar a construção da economia verde ao combate à desigualdade.  Além de seu óbvio fundamento ético e funcional, a luta contra a desigualdade adquire uma dimensão material inédita, da qual se podem citar dois exemplos vindos de importantes documentos internacionais recentes.
O primeiro refere-se ao uso dos recursos materiais necessários à reprodução social.  O International Resource Panel, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), publicou, há algumas semanas, o relatório Decoupling Natural Resource Use and Environmental Impacts from Economic Growth (Descasando o uso dos recursos naturais e os impactos ambientais do crescimento econômico).  Esse descasamento exprime – juntamente com a promoção do uso sustentável da biodiversidade – a essência da economia verde, ou seja, a urgência de reduzir o consumo dos materiais e da energia que se encontram na base da riqueza social.  Os resultados alcançados até aqui são, no mínimo, ambíguos.
Por um lado, cada unidade de riqueza é oferecida ao mercado sobre a base do uso decrescente de materiais.  Apesar desse avanço, entretanto, a extração de recursos da superfície terrestre cresceu oito vezes durante o século XX, atingindo um total de 60 bilhões de toneladas anuais, considerando-se apenas o peso físico de quatro elementos: minérios, materiais de construção, combustíveis fósseis e biomassa.
Amplia-se o uso de recursos não bióticos e, com eles, a poluição e as emissões de gases de efeito estufa.  O descasamento entre a produção de riqueza e sua base material, mesmo em economias avançadas como o Japão e a Alemanha, foi apenas relativo, pois em termos absolutos a pressão sobre os recursos aumenta.  Mas a informação que mais chama a atenção refere-se à desigualdade.  Um indiano que nascer hoje consumirá ao longo de sua vida o correspondente a 4 toneladas de materiais anuais.  Um canadense vai consumir 25.
Achim Steiner, diretor-geral do Pnuma, que prefacia o relatório, preconiza que, nos próximos anos, o consumo médio global, num mundo com mais de 9 bilhões de habitantes, terá de cair das atuais 9 toneladas anuais per capita para algo entre 5 e 6 toneladas.  A função da economia verde é estimular inovações que permitam a estas 5 ou 6 toneladas propiciar muito mais bem-estar e utilidades que as oferecidas hoje.  Mas somente um mundo com recursos infinitos poderia manter este nível de desigualdade e, ao mesmo tempo, satisfazer as necessidades básicas dos que estão hoje em situação de pobreza.
O segundo exemplo, na mesma direção, vem do World Economic and Social Survey, do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais do Secretariado das Nações Unidas, e tem por título The Great Green Technological Transformation (A Grande Transformação Tecnológica Verde).  O documento propõe que se estabeleça um limite para o consumo per capita de energia – 70 gigajoules por ano –, o que significaria cortar pela metade o gasto de energia do europeu médio e em três quartos o do americano.  Já o indiano teria amplo espaço para aumentar seu consumo primário de energia, que hoje é, em média, de 15 gigajoules.  Mas esse limite proposto refere-se à energia primária [1] e pode ser em grande parte compensado pela inovação, ou seja, pelo aumento na eficiência com que se usa a energia em todas as etapas anteriores à prestação dos serviços ou à produção dos bens e serviços a que se ela destina.
[1] Aquela que está disponível na natureza em estado bruto, tal como carvão, petróleo, gás natural, urânio, ventos, recursos hídricos e energia solar
O grande desafio do século XXI, assim, está na construção de um metabolismo social capaz de garantir a permanência e a regeneração dos serviços que os ecossistemas prestam às sociedades.  Mais precisamente, trata-se de chegar a um metabolismo industrial que reduza drasticamente o uso de carbono na base material e energética da sociedade e, ao mesmo tempo, ofereça oportunidades para que as necessidades básicas dos seres humanos sejam preenchidas.  Sem objetivos claros na redução da desigualdade, é forte o risco de que a própria legitimidade da economia verde seja colocada em questão.
É difícil imaginar tema mais importante para ocupar o centro da Rio+20.
*Professor titular do Departamento de Economia da FEA, do Instituto de Relações Internacionais da USP, pesquisador do CNPq e coordenador de Projeto Temático do Programa Fapesp de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais.

“La única solución para la crisis ambiental es salir del capitalismo”

Tiempo Argentino
Por Lucia Alvarez
El especialista brinda su pronóstico para la Tierra y se diferencia de quienes adscriben a la corriente de pensamiento que instala el problema del cambio climático como el único a resolver. “Los ricos destruyen el planeta”, dice sin vueltas.
 

La única solución para la crisis ambiental que enfrenta el planeta es salir del capitalismo y del individualismo extremo.” La frase del periodista francés Hervé Kempf resume el eje de su propuesta, una posición que cinco años atrás podía resultar quimérica, pero que hoy tiene cada vez más peso entre los especialistas del medioambiente y la crisis ecológica global. En diálogo con Tiempo Argentino, el autor de Cómo los ricos destruyen el planeta y Para salvar el planeta salir del capitalismo, los dos libros editados por Capital Intelectual que vino a presentar a Buenos Aires, explicó por qué las energías renovables son una coartada y el “crecimiento verde” una salida falsa a la crisis, y más esperanzador, advirtió: “El patrón del individualismo exacerbado está cambiando. Es difícil definirlo pero vemos que hay un redescubrimiento del bien social, que hay un deseo de volver a entablar un espíritu colectivo. Comenzamos a ver los límites de este sistema económico y social.”
–¿Cuál es su diagnóstico de la crisis ecológica?
–Todos los indicadores demuestran mayormente un deterioro continuo y rápido de la situación ecológica, así sea del cambio climático, la biodiversidad o la contaminación de los ecosistemas. Lamentablemente, hay muy pocos aspectos donde se observan mejoras.
–¿Hay consenso sobre este diagnóstico?
–Hay un consenso muy claro entre los científicos, tal vez no haya un consenso político. Si nos atenemos al cambio climático, no hay un verdadero debate. Los “climatoescépticos”, como se los suele llamar, no tienen argumentos sólidos, ni validados por los demás especialistas y en muchos casos son personas financiadas por entidades u organismos que sí tienen una agenda y un programa político. Después, existen diferencias entre países. El caso extremo es Estados Unidos, donde la oligarquía se impone tanto que ya han perdido el sentido del bien común. Pero en otras sociedades, como la alemana, francesa, inglesa, casi todo el aparato político está de acuerdo en aceptar las dimensiones de la crisis ecológica. Allí lo que hay es un verdadero problema de prioridades políticas: algunos piensan que la ecología debe ser lo primordial y otros creen que antes se debe atender a temas como el empleo, la economía.
–En sus libros advierte que no debe limitarse el problema al cambio climático, ¿por qué?
–El cambio climático es una parte de la crisis ecológica global, para la que el capitalismo no tiene solución. El comportamiento de nuestro sistema económico provoca al mismo tiempo la destrucción de los ecosistemas, de los bosques, de la biodiversidad, la degradación de los océanos, y el aumento de la emisión de gases del efecto invernadero. Es el mismo sistema el que genera todas las crisis.
–En 2006, denunció por primera vez que la causa de la crisis ecológica es el modo de producción capitalista, ¿hoy existe más conciencia sobre ese vínculo?
–Cómo los ricos destruyen el planeta se publicó antes de la crisis financiera de 2008. Se suponía que los banqueros, los especuladores, los agentes bursátiles, todos los que causaron la crisis, iban a cambiar de comportamiento y que los estados iban a retomar el control de las sociedades financieras, y orientar la política hacia una dirección distinta. Pero hoy vemos que los especuladores tienen el mismo poder de siempre y que la oligarquía rechaza cualquier cambio, así sea en lo ecológico o en el ámbito de la distribución de la riqueza. Hay un sistema que se está crispando, tensionando. Pero al mismo tiempo, desde hace tres o cuatro años, hay una evolución en la manera de pensar de las sociedades. La cuestión de las desigualdades se ha hecho evidente y se consolidó la conciencia ecológica. En Túnez y Egipto, hubo verdaderas revoluciones populares, en Chile vemos un movimiento similar. Europa también está siendo agitada por muchos movimientos sociales que se están despertando, en Grecia, en Italia y en Francia también.
–Pero aún persiste la separación entre los movimientos sociales, políticos y los ecológicos, ¿a qué se debe esa lejanía?
–Porque lleva tiempo. Hace seis años, los partidos de izquierda decían que los problemas ecológicos eran una cosa de burgueses y los ecologistas ignoraban la cuestión social, pero hoy en día es muy claro que no se puede separar las dos problemáticas, que están articuladas. Si uno mira la secuencia en Chile comienza contra las represas, después hay un escándalo por el sistema bancario y después comienza el movimiento estudiantil. Todos hablan de lo mismo, del bien común. La naturaleza, la educación, se ve que lo que hacen es criticar al sistema chileno de la misma manera: la concentración de las corporaciones, las ganancias, la exportación de capitales. Obviamente sigue habiendo esa distancia, pero hay cada vez más formas de alianza.
–¿Cómo responder a la acusación de que el movimiento ecologista es conservador?
–No tiene mucho sentido, creo que es un insulto para tratar de debilitarlo. Pero hay que ver el fondo de la cuestión. El movimiento ecológico sigue mirando hacia el futuro. Tal vez se le puede decir que es pesimista. Pero los conservadores son los que creen que todo va a poder seguir igual que en los ’60. No quieren cambiar el American Way of Life. En su momento fue maravilloso, pero ahora estamos en un mundo diferente.
–¿Por qué sostiene que las energías renovables son una coartada y que el crecimiento verde es falso?
–Las energías fósiles no van a ser remplazadas por energías nuevas hasta dentro de dos o tres décadas, si se conserva este nivel de consumo. Los países del norte tenemos que disminuir el consumo de energía. El segundo aspecto, es que las energías renovables por el momento son interpretadas por las empresas capitalistas como un modo de generar nuevos mercados y nuevas ganancias, pero sin cambiar la lógica del sistema. No podemos negar que hay un lazo entre un sistema técnico, un sistema social y la crisis ecológica.
–Pero eso significa también cambiar todo un patrón cultural, ¿cómo se lo modificaría?
–Los patrones culturales no se van a modificar sólo porque alguien diga que lo vaya a hacer. En el avance del capitalismo de los últimos 30 años, hubo un desarrollo del individualismo exacerbado. Me parece que eso está cambiando. Comenzamos a ver los límites de este sistema. Es difícil definirlo, pero vemos que hay un redescubrimiento del bien social, que hay un deseo de volver a entablar los lazos sociales y el espíritu colectivo. Sigue siendo difícil, porque la televisión sigue siendo muy poderosa en inculcar este espíritu pero estamos llegando al final de este sistema, porque genera una frustración muy grande y una sensación de soledad compartida. Hay que ver cómo se hace el paso a la aplicación política hay una justificación de la comunidad para decir que podemos incluir en la cuestión colectiva. Es muy importante, por ejemplo, que haya dos o tres canales que no estén inspirados en la cuestión de la ganancia sino por la idea del bien común

Contra la corriente del pensamiento dominante

Mercedes Marcó del Pont discrepó con las ideas ortodoxas que imponen los países centrales frente a la crisis global. Lo hizo en un encuentro de banqueros centrales del G-20, en el marco de la asamblea del FMI. Reclamó priorizar la recuperación del consumo.
 Por Fernando Krakowiak
Desde Washington
La crisis financiera de los países desarrollados y su potencial impacto sobre el resto del mundo se convirtió en el tema excluyente de la reunión anual del Fondo Monetario Internacional. Nadie se muestra seguro sobre lo que puede llegar a pasar, pero paradójicamente son pocas las diferencias que se observan cuando llega la hora de formular propuestas para salir adelante. La mayoría de las voces se muestran pendientes de satisfacer las expectativas de los mercados financieros con un paquete que incluye consolidación fiscal y reformas estructurales, en distintas dosis y presentaciones. En ese contexto, Argentina volvió ayer a dar la nota y tomó distancia. La encargada de hacerlo fue la titular del Banco Central, Mercedes Marcó del Pont, en un encuentro paralelo de autoridades económicas del G-20, donde esbozó los planteos que hoy expondrá en la reunión de ministros y presidentes de bancos centrales, donde también participará el ministro de Economía, Amado Boudou. Lo que reclamó Del Pont es que se impulsen políticas expansivas para fortalecer el crecimiento y reducir la desocupación. Pidió medidas contracíclicas que figuran en todos los manuales de economía, pero que en la cumbre del Fondo parecen una rareza. También pidió que se regulen los flujos de capitales y que no se presione a los países periféricos para que dejen de acumular reservas y enfríen su economía.
El FMI y el Banco Central Europeo, entidades encargadas de fijarles las pautas a las economías deprimidas del sur de Europa, proponen la consolidación fiscal para reducir el déficit de las cuentas públicas y reformas estructurales para compensar la caída del producto que causa la aplicación de esas recetas en esos países. Por eso exigen flexibilización laboral y desregulación de los mercados. El Banco Central argentino cuestiona esa lectura y advierte que el supuesto efecto positivo que generarían en el corto plazo las reformas estructurales ni siquiera está avalado por la experiencia empírica. “Es necesario poner en el centro de la agenda las políticas de ingreso como estrategia para relanzar el crecimiento de la demanda doméstica, en especial en los países avanzados”, señaló una fuente de la entidad a Página/12. De hecho, Marcó del Pont, quien también se reunió ayer con presidentes de bancos centrales de países de América latina, rechazó la idea de que las economías en vías de desarrollo están “recalentadas”, como dijo el Fondo. “En la Argentina el aumento del consumo está directamente vinculado con la recuperación del salario, el crecimiento del empleo y la redistribución del ingreso”, destacó, para dar cuenta de su sustentabilidad.
La intención oficial es que se evalúen estas políticas como alternativa a las reformas estructurales, pero es casi un planteo testimonial porque en la crisis de Europa sólo tallan las potencias. Los emergentes agrupados en los Brics quieren sumarse, pero en los organismos financieros internacionales también ellos tienen un rol secundario. Por eso piden que se avance con las reformas en el sistema de cuotas y gobernanza del FMI (ver página 4).
En el Fondo y el BCE consideran una herejía, por ejemplo, darle dinero a Grecia para incentivar la demanda y que salga adelante. Si bien no lo dicen de esa forma, están convencidos de que debe tronar el escarmiento sobre los países que gastaron por encima de sus posibilidades en lugar de restringirse y tratar de ahorrar para progresar. Es una política que en algunos momentos pareciera apuntar más al disciplinamiento que a la búsqueda de una salida de la crisis. La alternativa del default tampoco la avalan, ni siquiera de manera ordenada, pues en sus estructuras internas el poder financiero pesa incluso más que los Estados soberanos. Quieren ajuste para equilibrar las cuentas y lo máximo que están dispuestos a conceder los más estrategas es tiempo. Christine Lagarde lo expresó ayer con claridad. “No vivimos más en la época napoleónica donde un líder tomaba las decisiones. Vivimos en democracia y eso lleva tiempo”, sostuvo.
Otro punto en discusión dentro del G-20 se relaciona con dos aspectos clave del sistema monetario internacional: el control de capitales y el manejo de la liquidez global. En lo que refiere a los flujos de capitales, Argentina junto con la mayoría de los países emergentes defiende la necesidad de una regulación prudencial, no sólo por razones financieras, sino también por motivos macroeconómicos. “Los crecientes flujos de capitales, en especial los de corto plazo, generan excesiva volatilidad cambiaria y real y apreciaciones reales no justificadas. Además, dado el menor tamaño relativo de los sistemas financieros de las economías emergentes, los flujos de capitales pueden afectar la estabilidad de los mismos. La solidez de los sistemas financieros fue uno de los elementos positivos que permitieron a nuestros países atravesar la crisis con costos menores”, señalaron ayer desde la entidad que conduce Marcó del Pont. En este tema, al menos, los países centrales reconocen que la responsabilidad no es sólo de los emergentes, porque el flujo de esos capitales responde también, o fundamentalmente, a las políticas monetarias y financieras practicadas en las potencias.
En la discusión sobre la liquidez global, Marcó del Pont expresó que hasta que no exista un mecanismo global que garantice el acceso a la liquidez en forma segura para los países emergentes no debe insistirse en la idea de alcanzar una medida sobre “reservas adecuadas”. “Haber acumulado reservas y el desendeudamiento externo ha sido una política seguida por varios países emergentes que se demostró efectiva y que permitió sobrellevar mejor la crisis”, señalaron cerca de la funcionaria. Eso es porque, al igual que en la discusión sobre el control de capitales, aquí también hay una responsabilidad de los países centrales. De hecho, Estados Unidos tiene moneda de reserva y dispone de la liquidez a su antojo.
fkrakowiak@pagina12.com.ar

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Comissão do Senado aprova Código Florestal

O relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) sobre o projeto que trata da reforma do Código Florestal brasileiro foi aprovado, nesta quarta-feira (21), na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Após um longo debate sobre a constitucionalidade do projeto de lei da Câmara (PLC) 30/2011, os senadores aprovaram por 17 votos a favor e cinco contra.
A decisão acontece, coincidentemente, no Dia da Árvore. A ONG ambientalista Greenpeace realizou protestos em frente ao Senado. Pelo menos outras sete capitais terão manifestações nos próximos dias.
A matéria segue agora para outras comissões do Senado – Agricultura, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia. Depois disso, irá a plenário. Caso seja aprovado da forma proposta por Luiz Henrique, o texto voltará à Câmara, onde os deputados poderão endossar ou rejeitar as mudanças promovidas no Senado.
Votaram contra Randolfe Rodrigues (PSOL-PA), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Rita (PT-ES), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e Lindberg Farias (PT-RJ). Todos os demais presentes posicionaram-se a favor. A decisão foi individual e não das bancadas, já que mesmo senadores do PT, por exemplo, apoiaram o relatório.

Polêmicas e embates

A polêmica sobre as mudanças do Código Florestal Brasileiro começaram desde que foram propostas. A pressão dos ruralistas é pela revisão da lei 4.771 de 1965, que define regras para preservação ambiental no país em propriedades rurais e áreas urbanas (embora o debatesobre as cidades tenha ficado de lado). Pela legislação em vigor, parcelas das propriedades rurais precisam permanecer livres de desmatamento.
Os ruralistas defendem a redução das áreas de preservação permanente (APPs), um dos principais mecanismos de controle de desmatamento. Perto de margens de rios, topos de morro e encostas, a vegetação original precisa ser mantida para evitar acelerar a erosão e desbarrancamentos, entre outros problemas ambientais. Eles criticam também outro instrumento do código, as reservas legais – parcela de mata nativa que precisa obrigatoriamente ser preservada dentro das propriedades rurais.
No discurso em defesa da revisão, há argumentos relacionados à necessidade de mais terra para produção de alimentos e a posição do Brasil como grande exportador de commodities – matérias-primas de origem agrícola e mineral cotadas em mercados internacionais, como açúcar, soja etc.
A pressa ruralista decorre de um decreto assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e adiado por quatro vezes, que prevê multas e restrições a crédito no Banco do Brasil a agricultores que descumprirem a legislação em vigor.
Ambientalistas enxergam na investida uma forma de aumentar o desmatamento. Estudos da comunidade científica sustentam a visão e sugerem mais calma ao debate, para que se evitem equívocos que provoquem devastação que não possa ser revertida depois.
As posições conflitantes entre ambientalistas e ruralistas marcaram, como se tornou praxe, as discussões em torno do texto. As alterações propostas pelo relator concentraram a polêmica, especialmente as que tratam apenas de retirar do texto a possibilidade de os governadores reduzirem áreas de preservação permanente (APPs) – incluindo em caso de obras de infraestrutura ou preparativas para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. 
A decisão de Luiz Henrique de deixar a cargo apenas do governo federal a possibilidade de reduzir APPs foi tomada na semana passada, após reunião com a ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira. Na visão da pasta, corroborada pelo senador, permitir que os estados legislassem a respeito seria inconstitucional, porque primeiro seria necessário uma lei geral para, depois, haver normas regionais.
Com isso, uma das principais polêmicas inseridas no código durante a votação da Câmara foi deixada de lado. Outros itens questionados são a possibilidade de converter multas aplicadas a imóvel rural que aderir ao Programa de Regularização Ambiental em serviços de preservação ambiental, além da anistia a desmatamentos ocorridos em APPs antes de 2008.

Embate

O senador Randolfe Rodrigues preferiu apresentar voto em separado, posicionando-se contrariamente à matéria. "O PLC 30 está contaminado com flagrantes inconstitucionalidades", disparou. Ele destacou que a alteração da norma, segundo informações científicas, irá contribuir para o aumento dos desastres naturais.
O senador Jorge Viana (PT-AC), membro da CCJ e relator na Comissão de Meio Ambiente, fez ressalvas ao texto de Luiz Henrique, mas prometeu votar a favor. Mesmo ligado a organizações ambientalistas, ele avalia que "já é quase um consenso a necessidade de se promover mudanças no projeto original da Câmara".
O parlamentar observou que modificações jurídicas são fundamentais por haver "graves problemas de constitucionalidade e judicialidade". Viana ainda afirmou que só tem um caminho para que possamos seguir nesse projeto. "Temos de dar uma estrutura jurídica ao projeto para que possa seguir caminho nas outras comissões”, disse.
Os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Demóstenes Torres (DEM-GO) concordaram que as próximas Comissões são mais apropriadas para se levar as discussões pontuais em relação à matéria. Adiantando-se, o parlamentar paulista ainda se mostrou favorável à possibilidade de governos estaduais legislarem sobre APPs.
Após a controvérsia, em meio à discussão sobre a votação de destaques ao parecer, Luiz Henrique pediu que as sugestões de emendas e requerimentos fossem apresentados diretamente a ele. O relator comprometeu-se a analisar e anexar as propostas ao relatório final encaminhado a outras comissões e ao plenário. O senador garantiu que pretende dialogar pessoalmente com todos os parlamentares a respeito de suas sugestões. A estratégia garantiu que os destaques não fossem votados separadamente.

Novo código florestal passa na Comissão de Constituição e Justiça no Senado, e agora ruma para outras Comissões


Depois de quatro horas de debates, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou nesta quarta-feira (21) o projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/11). Foi acolhido o texto do relator, senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), que fez pequenas correções de inconstitucionalidades, deixando novos ajustes e o exame das 96 emendas apresentadas pelos senadores para as demais comissões que analisarão a matéria.
Ao defender seu voto, Luiz Henrique reafirmou compromisso de analisar as emendas em novo relatório que apresentará nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), onde também é relator da proposta. Ele anunciou ainda disposição de construir um voto em conjunto com o relator do texto na Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Jorge Viana (PT-AC).
Na discussão do projeto, diversos senadores elogiaram as alterações feitas por Luiz Henrique, mas apontaram aspectos que seriam contrários à Constituição e permanecem no texto. Visando alterar esses aspectos, foram apresentados dez destaques para votação em separado de emendas que corrigem as inconstitucionalidades.
No entanto, o exame dos destaques foi rejeitado por 14 a 8, o que permitiu a aprovação do relatório de Luiz Henrique, com o entendimento de que a correção de inconstitucionalidades poderá ser feita nas outras comissões ou mesmo com o reenvio do texto à CCJ, caso haja necessidade.
Antes da votação, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) apresentou voto em separado pela rejeição do projeto, que não chegou a ser votado, face à aprovação do texto do relator.
Próximos passos
O projeto segue agora para a CCT, onde poderá ser alterado no mérito. Uma das mudanças deve ser a inclusão de regras para remunerar agricultores que mantiverem florestas em suas propriedades, como pagamento por serviço ambiental. A proposta é defendida pelo presidente da CCT, Eduardo Braga (PMDB-AM), e consta de emendas apresentadas ao projeto.
O texto também deverá ser alterado na forma, para separar disposições transitórias, como a regularização do passivo ambiental, das disposições permanentes. Essa separação foi sugerida pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, e deverá ser acolhida por Luiz Henrique e Jorge Viana. O ministro participou de audiência pública realizada no último dia 13, quando os senadores discutiram o projeto de reforma do Código Florestal com juristas e representantes do Ministério Público.
Preservação permanente
No texto aprovado na CCJ, o relator modificou o artigo 8º, oriundo da polêmica Emenda 164, aprovada ao final da votação da matéria na Câmara. O texto dispõe sobre as condições para supressão de vegetação em áreas de preservação permanente (APPs), como margem de rios e topos de morros.
O relator manteve regra que limita a intervenção nessas áreas protegidas a hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, incluindo ainda odetalhamento sobre cada uma delas. Luiz Henrique também alterou a redação do caput do artigo para explicitar que a autorização para atividades agrossilvopastoris, de ecoturismo e turismo rural em APP será conferida exclusivamente para atividades consolidadas até julho de 2008.
Essa data é questionada por diversos senadores, que apresentaram emenda propondo sua modificação. Na discussão da matéria, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) apontou contradição entre o texto do artigo 8º e dos artigos 10, 12 e 35, que também dispõem sobre área consolidada.
Na versão inicial do relatório, Luiz Henrique abria a estados e ao Distrito Federal a possibilidade de dividir com a União poder para definir outras condições de intervenção em APP, além das previstas na lei. Ele, no entanto, retirou esse dispositivo, dizendo ter chegado à decisão após entendimento com o governo federal.
Luiz Henrique também modificou diversos trechos de artigos que estabeleciam a necessidade de futuro regulamento. Com as modificações, o relator determina que questões em aberto sejam sanadas em "ato do chefe do Poder Executivo".
Mérito
Apesar de a análise na CCJ ser restrita a aspectos de juridicidade e constitucionalidade, muitos senadores fizeram considerações sobre aspectos de mérito, deixando explícitas as diferenças de opiniões. Enquanto Lindbergh Farias (PT-RJ), por exemplo, propõe modificar o texto para ampliar a proteção de APPs, Kátia Abreu (DEM-TO) afirma que a implementação das sugestões de Lindbergh obrigaria a retirada dos moradores da Rocinha, no Rio de Janeiro. A necessidade de proteção das APPs também foi defendida por Marcelo Crivella (PRB-RJ).
Outro aspecto discutido foi a necessidade de melhor utilização da terra pela pecuária, como forma de liberar área para a expansão do agronegócio. A baixa produtividade da pecuária brasileira foi apontada pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Em contrapartida, Blairo Maggi (PR-MT) lembrou que boa parte da agropecuária no Brasil requer a correção e melhoria do solo, aumentando os custos da produção brasileira.
Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.
Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dia internacional CONTRA a MONOCULTURA DE ÁRVORES - Dia internacional CONTRA los MONOCULTIVOS DE ÁRBOLES

Organizações sociais afirmam ao Banco Mundial que monocultivos de árvores não são florestas*

Brasília, 21 de setembro – No Dia Internacional Contra o Monocultivo de Árvores, a Via Campesina e a Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais entregaram uma carta a representantes do Banco Mundial afirmando que é inconcebível que o Banco Mundial assuma que plantações de árvores são florestas e também que o projeto Plantar não pode ser considerado exemplar, sob nenhuma perspectiva. Esta intervenção aconteceu porque em uma consulta dessa instituição financeira com a sociedade civil, realizada no dia 25 de agosto, em Brasília, Pablo Fajnzylber, representante do Banco afirmou, dentre outras coisas, que “a sociedade brasileira hoje em dia já aceita que as plantações de árvores são florestas”.
Segundo Rosângela Piovezani, do Movimentos das Mulheres Camponesas (MMC), isto não é verdade. “Nós somos totalmente contrários ao projeto Plantar e outros financiados pelo Banco Mundial que se expandem e destroem comunidades, causando êxodo rural, diminuição de espécies da fauna e da flora e que se opõem frontalmente com o cuidado pela terra, característico da agricultura familiar”, afirmou ela na reunião.
Projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o Plantar ocupa uma área de 23.100 hectares de monocultura industrial de eucalipto em Minas Gerais e causa severos impactos socioambientais, econômicos e culturais, como o aumento da especulação fundiária, a paralisação da reforma agrária, o aumento do desemprego no campo, a redução da produção de alimentos e da disponilbilidade de água, além do estímulo ao desmatamento. Por estes e outros motivos, há quase dez anos a sociedade civil brasileira e internacional têm denunciado o projeto Plantar como um modelo de desenvolvimento desumano que agrava a crise climática.
“Existe uma campanha internacional chamada ‘Banco Mundial Fora do Clima’. O fato de financiar projetos que pioram as condições climáticas do planeta, como este da Plantar, é um dos motivos de existência desta campanha. Se o Banco não muda os seus financiamentos, a tendência é que o enfrentamento a eles aumente”, declara Gabriel Strautman, da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais.
O gerente do Banco Mundial para o projeto Plantar, Garo Batmanian, afirmou na reunião que o Banco não considera que plantações de árvores sejam florestas e que esta foi uma fala infeliz do representante da instituição. Em relação ao fato de o Plantar ser considerado um projeto modelo, ele afirma que “trata-se de uma possível alternativa para diminuir o impacto do carvão vegetal que vem sendo produzido ilegalmente”. No que as organizações presentes responderam prontamente que, por todos os impactos que causa, trata-se de uma falsa solução.
Estiveram presentes na reunião representantes do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, além do Banco Mundial. A carta também foi enviada aos ministérios de Meio Ambiente e de Relações Exteriores, à Secretaria de Direitos Humanos, ao Grupo Plantar e às comissões de Meio Ambiente e Relações Exteriores da Câmara e do Senado.
*Os Amigos da Terra Brasil fazem parte da coordenação da Rede Brasil
Mais informações:
Mayrá Lima – Via Campesina: (61) 9684-6534
Patrícia Bonilha – Rede Brasil sobre IFIs: (61) 8138-7739

12 anos depois do promentido, Bayer retira do mercado agrotóxicos letais

Nota de prensa, 21 de Septiembre de 2011
Coordinación contra los peligros de BAYER

BAYER retira del mercado pesticidas letales



Éxito de las organizaciones defensoras del medio ambiente / Campañas desde los años 80 / “¡Doce años después de lo prometido!”

La compañía BAYER anunció que retirará del mercado los pesticidas más peligrosos (clase 1). Los compuestos de esta clase dejarán de venderse a finales de 2012.
Para Philipp Mimkes, de Coordinación contra los Peligros de BAYER (CBG): “Es un gran éxito para las organizaciones medioambientales y las asociaciones de agricultores que desde hace años luchan contra la utilización de pesticidas letales. Pero no podemos olvidar que BAYER ya rompió su promesa de retirar del mercado los compuestos más peligrosos antes del año 2000. Desde entonces se habrían podido salvar muchas vidas humanas! Además, es vergonzoso que la compañía se haya decidido a retirar estas bombas de tiempo químicas sólo cuando ya no le reportan suficientes beneficios”.
La CBG escribió una carta abierta a la presidencia de BAYER que fue suscrita por doscientas organizaciones de cuarenta países. En las asambleas generales de la compañía, en multitud de ocasiones han intervenido activistas reclamando que cesara la venta de los pesticidas de clase 1.
Con una cuota de mercado que ronda el 20%, la compañía BAYER CROPSCIENCE es el segundo mayor productor de pesticidas del mundo. En su informe anual de 1995 la empresa anunció lo siguiente: “En un programa de tres puntos, para los próximos cinco años nos hemos propuesto metas claras con respecto al desarrollo y la comercialización de productos fitosanitarios. De este modo, continuaremos reduciendo la dosis de producto necesaria por aplicación e iremos sustituyendo los productos de toxicidad clase 1 por preparados menos tóxicos”. Sin embargo, después de 2000, productos de clase 1 como el tiodicarbón, eldisulfotón, el triazofos, el fenamifos o el metamidofos continuaban presentes en los catálogos de BAYER.
La Organización Mundial de la Salud (OMS) estima que, anualmente, entre 3 y 25 millones de personas sufren intoxicaciones por pesticidas. Estas intoxicaciones cuestan la vida al menos a 40.000 personas al año, si bien la cifra real es más elevada. Alrededor del 99% de las intoxicaciones se producen en los países del sur. Los productos de clase 1, los más peligrosos, son los responsables de buena parte de los daños a la salud que se producen en dichos países.
La CBG exige además que se retire en todo el mundo de la venta el herbicida glufosinato(“Liberty”). Esta sustancia está clasificada como peligrosa en la gestación, ya que provoca malformaciones en el feto. El glufosinato está incluido en el conjunto de 22 pesticidas que según la nueva legislación de la UE en materia de pesticidas han de desaparecer del mercado. Hace pocas semanas la compañía dejó de vender Liberty en Alemania. Sin embargo, hace dos años BAYER inauguró en Huerth (Colonia) una nueva planta de producción para incrementar la exportación a países de fuera de la UE. Para CBG, un “claro caso de doble rasero”.

Traducido por Javier Fernández Retenaga (Tlaxcala)

¡LLAMADO A ORGANIZACIONES PARA QUE SE ADHIERAN AL LLAMAMIENTO DE DAKAR CONTRA EL ACAPARAMIENTO DE TIERRAS!

Durante el Foro Social Mundial de Dakar, Senegal, en Febrero de 2011, movimientos sociales, organizaciones de pequeños productores y otras organizaciones de la sociedad civil lanzaron un llamamiento colectivo contra el acaparamiento de tierras. Más de 650 organizaciones ya se han adherido. Si su organización desea también apoyar este llamamiento, por favor hágalo antes del 7 de octubre de 2011.
El Comité de Seguridad Alimentaria Mundial (CSA) con sede en Roma en la Organización mundial para la Agricultura y la Alimentación (FAO), está actualmente negociando las Directrices sobre la Gobernanza Responsable en la Tenencia de la Tierra, Recursos Pesqueros y Forestales. Estas directrices deberían proteger y reforzar el acceso a la tierra, a los recursos pesqueros y a los bosques para los/as pequeños/as productores/as de alimentos. Desgraciadamente, algunos gobiernos poderosos, apoyados en esto por las Instituciones Financieras Internacionales, no quieren adoptar directrices fuertes. Estos gobiernos prefieren una gobernanza de los recursos naturales que facilite la apropiación de los recursos por parte de grandes inversionistas empresariales y otros actores poderosos.
Campesinos afectados por el acaparamiento de tierras entregarán el llamamiento de Dakar, con todos los nombres de las organizaciones que lo hayan avalado, a los gobiernos durante las negociaciones sobre las Directrices en Roma los días 10-14 de Octubre.
Esta movilización también deberá contribuir a presionar a los gobiernos para que rechacen definitivamente los Principios para Inversiones Agrícolas Responsables (RAI por sus siglas en inglés) del Banco Mundial.
¡Es hora de impedir el acaparamiento de tierras, no de darle una fachada de "responsabilidad"!
Por favor, lea y firme el llamamiento aquí: http://www.dakarappeal.org

Senado: Comissão de Meio Ambiente defende rotulagem

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) tentou impedir a rotulagem dos alimentos transgênicos. Seu projeto foi derrotado ontem na Comissão de Meio Ambiente. O rótulo – um T em cor preta num triângulo amarelo – nunca saiu do papel.
O Globo, Panorama Político, 21/09/2011.

Uma tal salvação que também não veio dos eucaliptos


Por Cíntia Barenho – Centro de Estudos Ambientais(*)
Já se vão uns sete anos desde que o grande projeto para superar as décadas de estagnação econômica da Metade Sul – a plantação de monoculturas de eucaliptos – surgiu para tomar conta do Pampa. Projeto esse que não era somente voltado à produção de eucaliptos, mas também à produção de celulose (derivada do mesmo).
Eram três grandes projetos – da Aracruz, da Stora Enzo (Finlândia) e da Votorantim Celulose e Papel (VCP) – que pretendiam investir cerca de US$ 3,5 bilhões de dólares em sete anos, de forma socialmente responsável e ecológica (até áreas degradadas pretendiam recuperar).
Nos jornais gaúchos imperava a (des)informação comemorando os investimentos, nos quais as manchetes destacavam: “A origem do Outro Verde”, “O futuro à sombra das florestas”, “A metade sul depois das florestas”, “A polêmica Verde”. Num destes, considerado de maior circulação no RS, uma parágrafo fazia a seguinte menção:
“em tempos idos entre 2003 e 2006 nas discussões sobre o futuro da humanidade no Café Aquario, em Pelotas, ou à boca pequena entre as autoridades do Palácio Piratini, se tornou corriqueiro dizer que a metade sul iria virar floresta. Sabia-se que se tratava de uma metáfora, mas ainda havia dúvida sobre seu tamanho. O quanto os investimentos das gigantes da celulose Aracruz, Stora Enso e Votorantim seriam capazes de transformar em investimento ondulante e ralo do pampa gaúcho? Pois agora se sabe: é 4,5%” (Zero Hora, 2008)
Já se passaram esses sete anos, os jornais emudeceram, juntamente com os políticos locais, mas nós, ecologistas, questionamos o porquê de tal silêncio. Onde está o progresso trazido pelo deserto verde? Onde está o desenvolvimento, os empregos, as mudanças sociais, a recuperação das áreas degradadas, a preservação e conservação da pampa em unidades de conservação?
De 2009 até os atuais dias, uma tal crise do capitalismo, confirmou o pensamento de Karl Marx, no qual afirmava “…tudo o que é sólido desmancha no ar…” . Sendo assim, a toda poderosa Aracruz foi a incorporada pela VCP, na qual transformou-se em Fibria. Logo após a Borregaard, que virou Riocel, que virou Aracruz, que virou Fibria, foi vendida pra um grupo chileno e tornou-se a Celulose Riograndense da Compañía Manufacturera de Papeles y Cartones (CMPC). Na Metade Sul a Fibria anunciou que pode vender Projeto Losango para reduzir dívida, como afirma a notícia “
A Fibria está estudando a venda de dois ativos considerados não-estratégicos…estamos tentando verificar se (o projeto) Losango tem atratividade para outros usos, como energia e cavaco para exportação”. A faixa de fronteira até agora não foi mudada, inclusive teve PEC arquivada, para tristeza da empresa finlandesa que buscava cumprir a lei, desde que essa mudasse a seu favor.
Assim, nesse dia 21 de setembro – de Luta contra as Monoculturas de Árvores Exóticas- a luta ecológica segue, pois esses investimentos predatórios saíram do Pampa, e encontraram condições favoráveis no Mato Grosso do Sul, Maranhão, na Bahia. O Sul da Bahia segue sendo devastado pelo empresa Veracel Celulose no qual já é detentora de vastas áreas sobre comunidades quilombolas e indígenas. Inclusive as entidades locais estão com abaixo-assinado pedindo a anulação do processo de licenciamento da ampliação da Fábrica e da base florestal daquela empresa. E em outras áreas do mundo, povos e comunidades seguem também mobilizados e denunciando a degradação ecológica advindo da expansão das monoculturas de árvores, como o caso de Moçambique
Enfim, lutar contra essas monoculturas de árvores, no Ano Internacional das Florestas pela Organização das Nações Unidas (ONU), significa lutar pela biodiversidade dos ecossistemas, nos quais as florestas são entendidas como um sistema complexo, na qual as árvores são um dos elementos. Infelizmente adefinição de “floresta” usada pela Food and Agriculture Organization (FAO) e o debate acerca do Código Florestal, agora no Senado Federal, nos mobilizados lutando contra um monofuturo.
(*) Mestre em Educação Ambiental, Bióloga e integrante da coordenação doCentro de Estudos Ambientais (CEA-Pelotas/RioGrande RS)