"un pedacito del planeta que no pudieron no!"

Um cantinho do Brasil, orgulhosamente no Pampa Gaúcho, que quer fazer a diferença,
enxergando e discutindo problemas globais e discutindo e realizando soluções locais .

sábado, 8 de outubro de 2011

El cuento de la economía verde



La “economía verde” es el concepto que marcará los debates de la Conferencia de las Naciones Unidas sobre Desarrollo Sostenible, Río +20
, que se llevará a cabo en junio de 2012.  ¿Se trata de una propuesta para salvar la vida del planeta o es, por el contrario, el nuevo dispositivo de mercado para reverdecer el capitalismo depredador?  La edición doble de 
América Latina en Movimiento, No. 468 - 469, correspondiente a los meses de septiembre y octubre, recoge los análisis, debates, posicionamientos y críticas sobre el tema. 

El lobo se viste con piel de cordero
Edgardo Lander
Entrevista a Boaventura de Sousa Santos
Economía verde: la conciencia máxima del capitalismo
Osvaldo León
Falsas soluciones
Luiz Zarref y Marcelo Durão
La disputa por la justicia climática es de valores no de colores
Alejandro Villamar

Transición hacia una economía verde: de la forma al fondo
Sandra Guzmán

Los verdaderos colores de la economía verde
Silvia Ribeiro

Los Pagos por Servicios Ambientales como propuesta de privatización
Larissa Ambrosano Packer

Cuidado con la economía de la biomasa
Jim Thomas

Conocimientos ancestrales y propiedad intelectual: temas críticos en debate global
Rodrigo de la Cruz

El capitalismo verde y el BID
Diego Rodríguez Panqueva

Ecuador y Bolivia frente a la colonialidad del capitalismo verde
Katu Arkonada y Alejandra Santillana

Una mirada macroscópica al conflicto del TIPNIS
Gustavo Soto Santiesteban

Un enfoque sindical sobre desarrollo sostenible
Víctor Báez Mosqueira

Pueblos selváticos en la encrucijada
Sally Burch

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Edición digital (descargar en pdf): http://alainet.org/publica/468-9.phtml

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América Latina en Movimiento 

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Rede Brasil explicita o que há por trás da crise climática


A financeirização da crise climática e o capitalismo verde são os temas da terceira edição da revista Contra Corrente, lançada ontem no Acre

Rio Branco – 07 de outubro de 2011 – Com o tema “Serviços Ambientais, REDD e Fundos Verdes do BNDES: Salvação da Amazônia ou Armadilha do Capitalismo Verde?”, a Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais realizou um debate público ontem à noite em Rio Branco, no Acre, que contou com a participação de cerca de 150 pessoas. Estudantes, pesquisadores, representantes de organizações, movimentos sociais, povos indígenas, seringueiros e políticos do Acre, de outros estados da Amazônia e do Brasil, além de convidados da Alemanha, Inglaterra, Holanda e Estados Unidos, também participaram do lançamento da terceira edição da revista Contra Corrente, que aconteceu após o debate. A proposta do debate, também presente nos artigos da revista, foi a de expor as contradições das políticas climáticas e da chamada “economia verde” e seus reais impactos sobre os povos tradicionais da Amazônia.
Elder Andrade de Paula, professor da Universidade Federal do Acre (UFAC) falou sobre a forçada aceitação social da ideologia do desenvolvimento sustentável que, agora, tem no capitalismo verde e seus instrumentos de mercantilizacao da natureza um modus operandi sofisticado. “Não acreditamos nesta ideologia que pretende conciliar desenvolvimento e preservação da natureza com o lucro, e não vamos nos resignar com o menos pior. A crença que temos é naqueles que tem vontade de manter seus modos de vida e sua dignidade”, afirmou ele.
A partir de uma análise que abarcou a propriedade da terra, a propriedade intelectual sobre as sementes e as inovadoras modalidades de títulos de crédito de carbono (previstos na Lei Nacional sobre Mudancas Climáticas), de reserva ambiental (prevista no Código Florestal) e de pagamento por serviços ambientais (PSA), previstos em dois projetos de lei tramitando no Congresso Nacional, Larissa Packer, advogada da Terra de Direitos, fundamentou sua fala.
Segundo ela, estas são leis que colocam as populações tradicionais e a natureza no mundo dos contratos e das bolsas de valores para compensar a poluição e a degradação ambiental das grandes corporações. Larissa alertou que o Projeto de Lei 792 (sobre serviços ambientais) transforma em mercadorias diversos componentes da biodiversidade, como a água, as abelhas e, até mesmo, valores culturais e espirituais. “A propriedade privada é o direito de excluir o acesso e a propriedade de todos os demais ao bem. As políticas públicas não podem excluir os cidadãos dos bens que são comuns por direito. Temos que decidir se queremos ser excluídos daquilo que garante a sobrevivência de cada um”, declarou ela.
Osmarino Amâncio, seringueiro da Reserva Extrativista Chico Mendes, chamou de “ pochete miséria” as bolsas verdes incorporadas nas políticas estadual e nacional. “As populações tradicionais têm os recursos por elas preservado, durante décadas, agora mapeados, e recebem 100 reais por mês para não mais fazer seu roçado de subsistência, que estaria ‘degradando’ o meio ambiente. Por outro lado, no estado do Acre há 1 milhão de hectares concedidos para manejo florestal madeireiro ‘sustentável’ em áreas de reserva onde estas comunidades vivem”, denunciou.
As contradições dos bancos públicos que vêm se capitalizando com a financeirização da natureza foi o foco da apresentação feita por João Roberto Lopes Pinto, do Instituto Mais Democracia e da Plataforma BNDES. Ele afirmou que “na lógica do ganha-ganha, o BNDES financia a destruição da Amazônia com bilhões para projetos como Belo Monte, e gerencia fundos de alguns milhões para atividades de preservação que trazem consigo o mapeamento e controle de estoques de carbono, em preparação para um novo mercado financeiro a partir de ativos ambientais”.
Encerrando a noite, Lucia Ortiz, do Amigos da Terra Brasil e da coordenação da Rede Brasil afirmou que esta edição de Contra Corrente é uma contribuição no sentido de romper o silêncio sobre a apropriação corporativa do discursos climático e ambiental. A revista traz, por exemplo, casos de conflitos territoriais decorrentes de políticas climáticas no litoral do Paraná, no Amazonas e em Moçambique. Através de projetos “ambientais”, as comunidades são expropriadas de suas terras e passam a ser privadas de viver com dignidade e compartilhar a sabedoria e legitimidade que possuem para apontar soluções reais para as atuais crises da humanidade.
A programacao integrou uma semana de visitas a campo e oficinas promovidas pela Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, CDDHEP - Centro Defesa Direitos Humanos Educação Popular e Fundação Heinrich Boell no Acre entre os dias 3 a 7 de outubro de 2011.
Leia a revista Contra Corrente em: http://issuu.com/guilhermeresende/docs/contracorrente3/1

CTNBio chama empresas para rever regras

Car@s Amig@s,
Parece até que o parecer final da CTNBio dando sinal verde para o feijão transgênico da Embrapa já estava pronto antes mesmo de o produto ser votado. Isso porque no dia seguinte à votação seu extrato já apareceu publicado no Diário Oficial da União (16/09). A situação indica que ele foi enviado para publicação pelo menos no mesmo dia em que foi votado. O mesmo não se passou com uma semente de milho da Monsanto liberada na mesma sessão.
A votação do feijoeiro modificado foi precedida de debate e leitura de extenso voto do membro da Comissão José Maria Ferraz, que apontou diversas falhas nos dados apresentados no processo, como o fato de apenas 3 ratos machos terem sido avaliados e mesmo assim terem apresentado diferenças em comparação aos que comeram feijão comum.
As informações divergentes não são mencionadas na publicação oficial. O mesmo se passa com os documentos e críticas apresentados em audiência pública (que foi realizada na sede da proponente).
Reunião com os “usuários”
O rumo do debate sobre as mudanças nas regras da CTNBio para monitorar os efeitos dos transgênicos depois que esses são introduzidos no mercado segue inspirado por seu ex-presidente Walter Colli. Para ele “Ou não se usa transgênico ou, se usa, faz sem monitoramento” e “Se [os transgênicos] fizessem mal, os americanos já tinham morrido” (Folha de São Paulo, 09/12 e 11/12/2009).
Edilson Paiva, o atual presidente da Comissão, chamou as empresas para discutir regras de sigilo sobre as informações que enviam para análise. Mas a reunião realizada em 13/09 foi principalmente sobre a reforma das regras para monitoramento pós-comercialização. Questionado sobre o tratamento diferenciado e sobre o fato de o assunto do monitoramento ter pego de surpresa os membros da Comissão, que foram preparados para discutir confidencialidade, Paiva informou que “aproveitamos a reunião de terça para ouvir nossos usuários”.
O principal argumento para afrouxar o monitoramento (e que se aplica também a estudos de biossegurança em geral) é que “Universidades, instituições públicas e empreendedores menores ficam praticamente excluídos” (ex.: JC E-mail, 05/10/2011). Se a preocupação fosse para valer, não deveria ter a CTNBio proposto reunião com essas instituições e não com as grandes empresas do setor?
Paiva informou que a sociedade civil e os demais interessados poderão enviar sugestões por escrito para os membros analisarem.

Debate sobre feijão transgênico no boletim da SBPC

A seguir você encontra os links para artigos publicados no Jornal da Ciência E-mail apresentando diferentes visões sobre a liberação do feijoeiro transgênico da Embrapa.

O feijão nosso de cada dia
JC e-mail 4359, de 06 de Outubro de 2011.
Artigo de José Maria Gusman Ferraz, membro da CTNBio.
Seria obscurantismo optar por mais estudos para esclarecer dúvidas, ou seria cegueira científica a desconsideração destes fatos?”
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O feijão transgênico da Embrapa é seguro
JC e-mail 4358, de 05 de Outubro de 2011.
Francisco G. Nóbrega e Maria Lucia Zaidan Dagli são membros da CTNBio e votaram a favor da liberação do feijão transgênico.
“ (…) consumam alegremente e com orgulho o feijão com “tesão” da Embrapa, o símbolo nazista-alimentar que transformaremos, espero, em motivo de satisfação nacional.”
::
Avaliação de risco do feijoeiro transgênico: serenidade na condução e consistência dos resultados
JC e-mail 4356, de 03 de Outubro de 2011.
Artigo de Alexandre Nepomuceno, Amilcar Tanuri , Antônio Euzébio Goulart, Augusto Schrank, Bivanilda Tápias, Flávio Finardi, Francisco Aragão, Francisco Campos, Francisco Gorgônio da Nóbrega, Leandro Astarita, Maria Lúcia Carneiro Vieira, Odir Dellagostin, Paulo Paes de Andrade e Walter Colli, que são ou foram membros da CTNBio.
Por acaso algum animal anda como um carro?”
::
Por um feijão maravilha seguro
JC e-mail 4347, de 20 de Setembro de 2011.
Artigo assinado por Rubens Onofre Nodari, professor titular da UFSC, Solange Teles da Silva, professora da UEA, Paulo Yoshio Kageyama, professor titular da ESALQ/USP, Luiza Chomenko, pesquisadora MCN/FZB-RS e Magda Zanoni, professora da Universidade Paris-Diderot, todos ex-integrantes da CTNBio.
Sim, há muita desinformação e por vezes mentiras no ar. Escutamos e lemos repetições de afirmativas sem fundamento, como as (…) que alegam que uma panela de pressão pode dar conta de inativar todos os produtos no caso de feijão GM (Jornal Nacional 06.09.2011).”
::
Feijão Maravilha
JC e-mail 4338, de 06 de Setembro de 2011.
Artigo do tucano Xico Graziano publicado originalmente em O Estado de São Paulo, 06/09/2011.
Está chegando o transgênico verde-amarelo, maravilha da biotecnologia nacional.”

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Irregularidades e ilegalidades na aprovação do feijão transgênico

Última Instância, 29/09/2011
por Juliana Ferreira Kozan

Em 15/09/2011, foi aprovada em reunião da plenária da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) a liberação comercialdo feijão transgênico desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. Foram 15 votos a favor, duas abstenções e cinco pedidos de diligência (necessidade de complementação).
Durante a reunião de quinta-feira, um dos membros desta Comissão apresentou parecer onde apontava diversas falhas no processo e violações ao princípio da precaução e à legislação de biossegurança.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), tal aprovação é precipitada e está em desacordo com os testes necessários para demonstrar a segurança dos alimentos modificados geneticamente na alimentação do consumidor brasileiro.
Os transgênicos ou OGM (organismos geneticamente modificados), como diz a lei, são seres vivos criados em laboratório, por meio da técnica de transferência de gene de uma espécie para outra, ou seja, a partir de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza. Com essa nova tecnologia, pode-se introduzir um gene de rato, de bactéria, de vírus ou de peixe em espécies de arroz, soja, milho, trigo. Por exemplo, há soja com gene de bactérias e milho com gene de bactérias e vírus.
Trata-se agora da aprovação para produção e comercialização do evento Embrapa 5.1, feijoeiro geneticamente modificado resistente ao vírus do “Mosaico Dourado”, com a finalidade de reduzir significativamente o índice de perdas do produto nas lavouras. Porém, a necessidade e imprescindibilidade desta variedade de semente transgênica é questionável. Isso porque existem outras maneiras de evitar o vírus sem precisar recorrer à transgenia.
A própria Embrapa já havia desenvolvido experiências que comprovavam o controle do vírus do mosaico dourado a partir de práticas de manejo do feijão orgânico. Mas, sem maiores explicações, decidiu priorizar o investimento na tecnologia transgênica, mesmo assumindo as diversas falhas em seu desenvolvimento. Vale observar que os estudos apresentados pela Embrapa demonstram falhas na modificação genética das planas testadas: dos 22 eventos gerados, apenas 2 realmente resistiram ao vírus do mosaico dourado, sem que se tenha estudado porque os outros 20 falharam. Menos de 10% dos testes deram certo e a própria Embrapa afirma não saber o motivo.
O Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), órgão consultivo vinculado à Presidência da República, posicionou-se contrário à liberação do feijão geneticamente modificado por entender que, além de os estudos de análise de risco apresentados serem insuficientes, não haveria necessidade de investir na pesquisa e na liberação deste produto, que demandará uso de agrotóxicos, uma vez que a própria Embrapa já realizou experimentos bem sucedidos com o cultivo orgânico de feijão sem a infestação das doenças causadoras do vírus do mosaico dourado e sem comprometer a produtividade.
O Consea ainda levantou a questão de que a liberação comercial deste feijão transgênico levaria à gradativa eliminação das variedades de feijão e à perda da soberania dos agricultores e consumidores locais.
Além disso, a Embrapa não realizou testes em todas as regiões do país, o que impede de saber a interação desta nova planta nos diferentes biomas.
A preocupação é especialmente com a região Nordeste, tradicional produtora de feijão crioulo na agricultura familiar, e que foi excluída dos testes da Embrapa. Já há inclusive decisão judicial reconhecendo a obrigatoriedade da realização de estudos caso a caso em todos os biomas brasileiros para a liberação comercial de transgênicos.
Outro grave problema apontado foi com relação à necessária isenção da CTNBio em sua análise. Por exemplo, foi questionada a escolha da comissão em realizar a audiência pública relativa a este processo na própria sede da Embrapa, ou seja, na sede da empresa proponente, e a circulação de abaixo assinado online requerendo adesões para que o cultivo comercial do feijão geneticamente modificado fosse aprovado nacionalmente, cujo autor é um dos membros da CTNBio e, inclusive, relator do referido processo.
Os agricultores têm direito à livre escolha de seu sistema produtivo, seja convencional, agroecológico ou transgênico, de forma que as culturas coexistam, enquanto os consumidores têm  direito à informação sobre que tipo de alimento querem consumir. E estes direitos devem ser respeitados.
Porém, como não foram realizados estudos suficientes sobre a ação dos polinizadores (abelha, pássaros, vento etc), há a possibilidade de contaminação genética pelo feijão transgênico, o que ameaça tais direitos dos agricultores e consumidores.
Além disso, informações indispensáveis sobre o feijão transgênico estão sob sigilo, ou seja, a sociedade, e até alguns membros da CTNBio, não sabem o que de fato foi inserido na construção genética do feijão e quais seus impactos no meio ambiente e na saúde humana.
Diante das deficiências constantes dos estudos apresentados pela Embrapa e dos vícios e nulidades do processo de liberação comercial, o Idec, juntamente com entidades como a Terra de Direitos e a AS-PTA – Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa enviaram duas representações ao Ministério Público Federal – MPF solicitando que o pedido de liberação de comercialização do feijão transgênico não fosse votado até que as irregularidades fossem sanadas. Porém, a aprovação ocorreu mesmo assim.
Para o Idec, a aprovação da variedade 5.1 do feijão Embrapa demonstra que a forma como os processos comerciais de liberação dos alimentos transgênicos são conduzidos pela CTNBio é um problema.  As irregularidades nos processos são recorrentes e mostra-se muito preocupante o descaso com o princípio da precaução, justamente em relação a um dos principais produtos que compõem a alimentação do brasileiro.
Mais uma vez, observa-se que apesar de ser papel desta Comissão promover o debate e garantir estudos técnicos sobre os transgênicos, a votação do feijão geneticamente modificado foi apressada e sem a realização de adequada avaliação de riscos ao meio ambiente e à saúde humana.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Alimentos y cambio climático: el eslabón olvidado


Por: Grain
Sistema alimentario mundial
grain4"Si se toman medidas para reestructurar la agricultura y el sistema alimentario mundial en torno a la soberanía alimentaria, a la agricultura en pequeña escala, a la agroecología y los mercados locales, podríamos cortar a la mitad las emisiones globales de gases con efecto de invernadero en unas cuantas décadas. No necesitamos mercados de carbono ni remiendos tecnológicos."
El cambio climático pone en peligro la seguridad alimentaria en las comunidades del Himalaya, como Dunche, en el distrito de Rasuwa de Nepal. En esta foto mujeres Tamang libras y cribar el trigo. (Foto: Minority Rights Group / Jared Ferrie)
Los alimentos son un promotor clave del cambio climático. El proceso industrial entre que se producen los alimentos hasta que terminan servidos en nuestra mesa provoca cerca de la mitad de las emisiones de gas con efecto de invernadero generados por los humanos. Los fertilizantes químicos, la maquinaria pesada y otras tecnologías agrícolas dependientes del petróleo contribuyen significativamente. El impacto de la industria alimentaria como un todo es incluso mayor: se destruyen bosques y sabanas para producir forrajes animales y se generan deshechos que dañan el clima por el exceso de empaques, procesado, refrigeración y transporte de los alimentos a grandes distancias, a pesar de que millones de personas continúan con hambre.
Un nuevo sistema alimentario podría ser un promotor clave de soluciones al cambio climático. La gente por todo el mundo toma parte en luchas por defender gra1o crear nuevas formas de cultivar o compartir alimentos que sean mucho más sanos para sus comunidades y para el planeta. Si se toman medidas para reestructurar la agricultura y el sistema alimentario mundial en torno a la soberanía alimentaria, a la agricultura en pequeña escala, a la agroecología y los mercados locales, podríamos cortar a la mitad las emisiones globales de gases con efecto de invernadero en unas cuantas décadas. No necesitamos mercados de carbono ni remiendos tecnológicos. Requerimos políticas acertadas y programas que erradiquen el actual sistema alimentario industrial creando en cambio uno que sea sustentable, equitativo y verdaderamente productivo.
Los alimentos y el clima: cómo armar el rompecabezas
La mayoría de los estudios sitúan la contribución de las emisiones agrícolas —las emisiones producidas en los campos de cultivo— en algún punto entre el 11 y el 15 % de las emisiones globales.[1] Sin embargo, lo que no es común que se diga es que la mayor parte de estas emisiones son generadas por las prácticas de cultivo industrial que se basan en fertilizantes químicos (con nitrógeno), maquinaria pesada que funciona con gasolina, y en operaciones industriales de crianza animal altamente concentradas que bombean a la atmósfera deshechos de metano.
Tampoco es frecuente que las cifras de la contribución de la agricultura tomen en cuenta los cambios en el uso del suelo y la deforestación, que son responsables de una quinta parte de las emisiones de gases con efecto de invernadero.[2]
A nivel mundial, la agricultura invade las sabanas, los humedales, los cerrados y los bosques, destruyendo, al arar, el suelo de enormes superficies. La expansión de la frontera agrícola es el contribuyente dominante de la deforestación, y da cuenta de entre el 70 y el 90 % de la deforestación global.[3] Esto significa que unos 15-18 % de las emisiones globales de gases con efecto de invernadero son producidas por el cambio en el uso del suelo y la deforestación ocasionada por la agricultura. Pero aquí, de nuevo, el sistema alimentario global y su modelo de agricultura industrial son los principales culpables. El mayor promotor de esta deforestación es la expansión de las plantaciones industriales para la producción de mercancías como la soya, la caña de azúcar, la palma aceitera, el maíz industrial, y la colza o canola, así como las plantaciones de árboles para celulosa. Desde 1990, el área plantada con las primeras cinco mercancías creció en 38 %,[4] pese a que la tierra plantada con alimentos básicos como el arroz o el trigo decreció.
Las emisiones procedentes de la agricultura dan cuenta únicamente de una porción de la contribución general del sistema alimentario al cambio climático. Es igual de importante lo que ocurre entre el momento en que los alimentos abandonan las fincas y el momento en que llegan a nuestra mesa.
grain2La comida es el sector económico más grande del mundo, y con mucho implica más transacciones y emplea más personas que cualquier otro sector. En nuestros tiempos, los alimentos se preparan y distribuyen utilizando enormes montos de procesamiento, empacado y transportación, todos los cuales generan emisiones de gases con efecto de invernadero, aunque sea difícil hallar datos de tales emisiones. Los estudios que indagan en la Unión Europea concluyen que cerca de un cuarto de la transportación total tiene que ver con el transporte comercial de alimentos.[5] Las cifras dispersas sobre transportación, disponibles en otros países, tales como Kenya y Zimbabwe, indican que el porcentaje es todavía mayor en los países “no industrializados”, donde la “producción de alimentos y su entrega dan cuenta de entre 60 y 80 % de la energía total utilizada —incluida la humana, la animal y el combustible”.[6] Si el transporte da cuenta de 25 % de las emisiones globales de gases con efecto de invernadero, podemos utilizar los datos de la UE para calcular, conservadoramente, que el transporte de alimentos da cuenta de por lo menos 6 % de las emisiones globales de GEI.
En cuanto al procesamiento y el empacado, de nuevo los datos disponibles provienen principalmente de la Unión Europea, donde los estudios muestran que el procesamiento y empacado de alimentos dan cuenta de entre 10 y 11 % de las emisiones de GEI,[7] mientras la refrigeración de la comida es responsable de 3-4 %[8] del total de emisiones, y la venta al menudeo de alimentos otro 2 %.[9] Siendo conservadores con las cifras de la UE y extrapolando de las escasas cifras que existen para otros países, podemos calcular que por lo menos 5-6 % de las emisiones se deben al transporte de alimentos, 8-10 % se deben al procesamiento de los alimentos y el empacado de los mismos, cerca de 1-2 % se deben a la refrigeración y 1-2 % a la venta al menudeo. Esto nos arroja una contribución total de entre 15 y 20 % de emisiones globales de GEI procedentes del conjunto de estas actividades.
No todo lo que produce el sistema alimentario se consume. El sistema agroalimentario industrial descarta cerca de la mitad de toda la comida que produce, en su viaje de los establecimientos agrícolas a los comerciantes, a los procesadores de comida, a las tiendas y supermercados. Esto es suficiente para alimentar a los hambrientos del mundo seis veces.[10] Gran parte de este desperdicio se pudre en los tiraderos de basura y en los rellenos sanitarios, produciendo cantidades importantes de gases con efecto de invernadero. Diferentes estudios indican que entre unos 3.5 y 4.5 % de las emisiones globales de GEI provienen de los desechos, y más de 90 % de ellos proceden de materia originada en la agricultura y procesamiento.[11] Esto significa que la descomposición de los desechos orgánicos originados en los alimentos y la agricultura es responsable de 3-4 % de las emisiones globales de GEI.
Sumen las cifras arriba citadas, despejen la evidencia y hay ahí un convincente caso: el sistema agroalimentario global actual, impulsado por una poderosa industria alimentaria transnacional, es responsable de cerca de la mitad de todas las emisiones de gases con efecto de invernadero producidas por humanos: una cifra entre un mínimo de 44 % y un máximo de 57 %. La gráfica siguiente ilustra esta conclusión.
El sistema agroalimentario industrial es responsable del 44-57% de todas las emisiones globales de GEI
Cómo darle la vuelta al sistema alimentario
Es claro que no saldremos de la crisis climática si no transformamos dramática y urgentemente el sistema alimentario global. Y el lugar donde podemos empezar es el suelo.
Los alimentos comienzan y terminan en el suelo. Surgen del suelo y eventualmente regresan a éste para permitir que se produzcan más alimentos. Es éste el verdadero ciclo de la vida. Pero en años recientes los humanos han ignorado este ciclo vital. Le hemos estado quitando al suelo sin devolverle.
La industrialización de la agricultura que comenzó en Europa y Norteamérica, que replicó después la Revolución Verde en otras partes del mundo, se basó en la suposición de que la fertilidad del suelo podía mantenerse e incrementarse mediante el uso de fertilizantes químicos. Poca atención se le prestó a la importancia de la materia orgánica en el suelo.
Un amplio rango de informes científicos indican que los suelos cultivados han perdido entre 30 y 75 % de su materia orgánica durante el siglo 20, mientras que los suelos que sustentan pastizales y praderas han perdido típicamente hasta 50 %. Es indudable que estas pérdidas han provocado un serio deterioro de la fertilidad y productividad de los suelos, y han contribuido a empeorar las sequías y las inundaciones.
Si tomamos como base las cifras más conservadoras que proporciona la literatura científica, la pérdida global acumulada de materia orgánica del suelo durante el último siglo puede calcularse entre 150 mil millones y 200 mil millones de toneladas.[12] No toda esta materia orgánica terminó en el aire como CO2, ya que cantidades significativas han sido arrastradas por la erosión para ser depositadas en el fondo de ríos y océanos. Sin embargo, puede calcularse que por lo menos se han liberado a la atmósfera entre 200 mil y 300 mil millones toneladas de CO2 debido a la destrucción global de materia orgánica del suelo. En otras palabras, entre 25 y 40 % del actual exceso de CO2 en la atmósfera proviene de la destrucción de los suelos y su materia orgánica.
Hay buenas noticias escondidas en estas devastadoras cifras. El CO2 que fue enviado a la atmósfera al maltratar y desgastar los suelos del mundo puede volverse a poner en el suelo. Lo que se requiere es un cambio en las prácticas agrícolas. Debemos alejarnos de prácticas que destruyen la materia orgánica y acercarnos a las prácticas que acumulan materia orgánica en el suelo.
Sabemos que esto puede hacerse. Los campesinos de todo el mundo han abrazado estas prácticas por generaciones. Las investigaciones de GRAIN han mostrado que, si se pusieran en funcionamiento las políticas correctas, los incentivos correctos, a nivel mundial, podrían restaurarse los contenidos de materia orgánica del suelo a los niveles que tenían antes de la agricultura industrial en el lapso de unos 50 años, que es a grandes rasgos el mismo tiempo que le llevó a la agricultura industrial mermarlos.[13] El uso continuado de estas prácticas permitiría eliminar de 24 a 30 % de las emisiones globales actuales de GEI al año.[14]
El nuevo escenario requeriría un cambio radical de enfoque, apartándonos del actual modelo de agricultura industrial. Tendría que ponerse énfasis en el uso de técnicas tales como los sistemas de diversificación de cultivos, mejor integración entre la producción de cultivos y la producción animal, mayor incorporación de árboles y de vegetación silvestre, y más. Tal incremento en diversidad podría, entonces, incrementar la producción potencial, y la incorporación de materia orgánica mejoraría progresivamente la fertilidad de los suelos, creando círculos virtuosos de mayor productividad y mayor disponibilidad de materia orgánica. La capacidad del suelo para retener agua aumentaría, lo que significa que la lluvia excesiva conduciría a menores y menos intensas inundaciones y sequías. La erosión del suelo sería cada vez menos un problema. La acidez y la alcalinidad del suelo se reducirían, reduciendo o eliminando la toxicidad que se ha vuelto un problema importante en los suelos tropicales y áridos. Además, una mayor actividad biológica del suelo protegería las plantas contra las plagas y las enfermedades. Cada uno de estos efectos implica mayor productividad y como tal más materia orgánica disponible en los suelos, lo que haría posible, conforme pasaran los años, objetivos más altos en cuanto a una incorporación de materia orgánica al suelo. En el proceso, se produciría más comida.
Para lograrlo, es necesario trabajar a partir de las habilidades y la experiencia acumulada de los campesinos en pequeña escala del mundo, en lugar de socavar su vida, acaparar sus tierras y expulsarlos de sus territorios, como ahora se hace.
Un viraje global hacia una agricultura que acumula materia orgánica en el suelo nos pondría también en el camino de cortar algunas de las principales fuentes de GEI que provienen del sistema alimentario.
Hay otros tres virajes que se refuerzan mutuamente y que es necesario que ocurran en el sistema alimentario para que podamos enfrentar su actual contribución global al cambio climático: el primero es un viraje hacia los mercados locales, hacia circuitos más cortos en la distribución de los alimentos, lo que nos permitiría reducir el transporte y la necesidad de empaque, procesado y refrigeración. El segundo viraje es una reintegración del cultivo y la producción animal, que reduciría el transporte, el uso de fertilizantes químicos y la producción de emisiones de metano y óxido nitroso generados por los grandes planteles industriales de carne y lácteos. El tercero es frenar el desmonte y la deforestación, lo que requeriría una reforma agraria genuina y revertir la expansión de las plantaciones de monocultivo para la producción de agrocombustibles y forrajes.
Si el mundo asumiera seriamente estos cuatro virajes y los pusiera en acción, sería posible reducir a la mitad las emisiones de GEI globales en unas cuantas décadas y, en el proceso, emprender el largo camino hacia la resolución de las otras crisis que afectan el planeta, como la pobreza y el hambre. No hay obstáculo técnicos que nos lo impidan —en manos del campesinado del mundo están los saberes, la experiencia y las habilidades necesarias, y de ahí podemos partir. Los únicos obstáculos son políticos y es ahí donde debemos enfocar nuestros esfuerzos.
Notas
[1] El IPCC dice 10-12%, la OCDE dice 14% y el WRI dice 14.9%. Ver: IPCC, Climate Change 2007: Mitigation of Climate Change. Chapter 8: Agriculture, http://tinyurl.com/ms4mzb - Wilfrid Legg and Hsin Huang. OECD Trade and Agriculture Directorate, Climate change and agriculture, aquí
- WRI, World GHG Emissions Flow Chart, aquí
[2] Ver WRI, World GHG Emissions Flow Chart, aquí y IPCC, 2004. Climate Change 2001: Working Group I: 3.4.2 Consequences of Land use Change. aquí
[3] Ver FAO Advisory Committee on Paper and Wood Products – Sesión 49 – Bakubung, Sudáfrica, 10 de junio, 2008; y M. Kanninen et al., "Do trees grow on Money? Forest Perspective 4, CIFOR, Jakarta, 2007.
[4] GRAIN, “Global Agribusiness: two decades of plunder”, Seedling, julio, 2010.
[5] Eurostat. From farm to fork - a statistical journey along the EU's food chain - Issue number 27/2011 aquí y aquí
[6] FAO. Stephen Karekezi and Michael Lazarus, Future energy requirements for Africa’s agriculture. Capítulos 2, 3 y 4. aquí
[7] Para la UE, ver Viktoria BOLLA, Velina PENDOLOVSKA, Driving forces behind EU-27 greenhouse gas emissions over the decade 1999-2008. Statistics in focus 10/2011. aquí
[8] Tara Garnett y Tim Jackson, Food Climate Research Network, Centre for Environmental Strategy, University of Surrey “Frost Bitten: an exploration of refrigeration dependence in the UK food chain and its implications for climate policy”, aquí (pdf)
[9] S.A. Tassou, Y. Ge, A. Hadawey, D. Marriott. “Energy consumption and conservation in food retailing”. Applied Thermal Engineering 31 (2011) 147-156 y Kumar Venkat. CleanMetrics Corp. The Climate Change Impact of US Food Waste,CleanMetrics Technical Brief. aquí (pdf) y Ioannis Bakas, Copenhagen Resource Institute (CRI). Food and Greenhouse Gas (GHG) Emissions. aquí (pdf)
[10] Tristram Stuart, Waste: Uncovering the Global Food Scandal, Penguin, 2009, aquí
[11] Jean Bogner, et. al. Mitigation of global greenhouse gas emissions from waste: conclusions and strategies from the IPCC. Fourth Assessment Report. Working Group III (Mitigation) aquí
[12] Las cifras utilizadas para el cálculo fueron:
a) una pérdida promedio of 4.5-6 kg de materia orgánica del suelo por metro cuadrado de tierra arable (MOS/m2) y 2-3 kg de MOS/m2 de tierra agrícola bajo praderas y sin cultivar,
b) un promedio de profundidad de suelo de 30 cm, con un promedio de densidad de suelo de 1 gr./cm3
c) 5 mil millones de hectáreas de tierra agrícola a nivel mundial; mil 800 millones de tierra arable según datos publicados por FAO
d) una proporción de 1.46 kg of CO2 por cada kilo de MOS destruida.
[13] Ver GRAIN, “Cuidar el suelo”, Biodiversidad, sustento y culturas, número 62, octubre de 2009, aquí
[14] La conclusión se basa en la suposición de que la incorporación de materia orgánica llegaría a una tasa promedio anual global de entre 3.5 y 5 toneladas por hectárea de tierra agrícola. Para cálculos más detallados ver GRAIN, “Cuidar el suelo”, op.cit., tabla 2.
Créditos de las fotos
Minority Rights Group / Jared Ferrie, Trees for the Future, CIMMYT (International Maize and Wheat Improvement Center), Reuters
GRAIN - 28 de septiembre 2011 - A Contrapelo